O suíço Ernst Gotsch, 73, é descrito por seus alunos como um filósofo, um inventor de personalidade forte e, acima de tudo, um agricultor habilidoso. Alguns largam tudo para segui-lo. É que Ernst desenvolveu, no sul da Bahia, a chamada Agricultura Sintrópica, que reproduz o funcionamento de uma floresta.
Tradicionalmente, as grandes plantações fazem um plantio ordenado, com uma ou pouco mais de duas espécies em um mesmo terreno e o uso de produtos químicos para evitar insetos e aplicar vitaminas no solo. Ernst acredita que essa agricultura maltrata o solo e os animais e ignora o fato de que a natureza se organiza e se protege muito bem sozinha.
Na Agricultura Sintrópica, espécies diferentes são plantadas de maneira aparentemente desordenada, sem queimar a terra ou canalizar água para a irrigação. Cada planta tem o próprio tempo de crescimento e elas se ajudam a sobreviver — como numa floresta nativa.
Para estudiosos e admiradores, a Agricultura Sintrópica é uma saída sustentável relevante. Alguns a consideram necessária para a geração de comida e conservação das árvores. Estudos mostram que ela é capaz de fazer reviver riachos que há muito se acreditavam mortos: foram 14 nascentes, segundo o agricultor, embora um estudo da Universidade de Brasília estime o ressurgimento de 18 nascentes.
Mas será que a prática de um suíço na Bahia, em um bioma tão brasileiro como a Mata Atlântica, pode de fato mudar a agricultura brasileira?