Em um sítio localizado entre grandes plantações de cana e milho, um homem acorda cedo, veste um chapéu, calça as botas e cuida de uma pequena horta orgânica para alimentar a família com alimentos cultivados sem agrotóxicos. É um agricultor incomum no interior de São Paulo. Em seus braços, há tatuagens e, no rosto, uma barba longa, pintada de verde. O nome dele é Teco Martins, 35. Para muitos, uma lenda do rock.
Por 15 anos, Teco foi vocalista da banda Rancore, criada em São Paulo nos anos 2000. O grupo não teve contrato com grandes gravadoras e lançou só três álbuns, mas os fãs esgotavam em pouco tempo os ingressos de todas as apresentações do quinteto hardcore. Muitos tatuaram o símbolo da banda e ao menos um deles tatuou o rosto de Teco na perna. O músico era o principal letrista das músicas, cantadas palavra por palavra pelo público de milhares que seguia a banda pelo país. Mil pessoas o viam tocar violão em uma praça. O Rancore estava entre as mais pedidas da MTV, e Teco aparecia em programas da emissora.
"A poesia das letras do Teco não era comum. Ele trazia brasilidades para o [rock] hardcore. Sempre foi um grande frontman", explica Di Ferrero, vocalista do NX Zero e agora em carreira solo. "Antes das redes sociais, o Rancore e o Teco já tinham o que hoje chamam de seguidores", diz Ricardo Drago Kako, produtor de shows e distribuidor do primeiro álbum do Rancore.
Teco estava no auge, mas deixou tudo para trás: a fama e a cidade. Decidiu ver crescer frutas, tubérculos e vegetais em seu quintal. "Não volto nunca mais para São Paulo", diz.