Influenciadora do bem

Maranhense Thaynara OG tem milhões de seguidores e criou uma das maiores festas beneficentes do Brasil

Camilla Freitas De Ecoa, em São Paulo (SP) Manuela Scarpa e Iwi Onodera/Brazil News

Foi na faculdade que Thaynara precisou de vez abandonar a alcunha de Thaynara 'Spears'. O nome que remete à princesa do pop Britney Spears teve de ser deixado de lado quando um professor pediu para que todos os alunos colocassem num papel seus e-mails e a então estudante de direito ficou com receio de não parecer profissional. Foi ali que nasceu a alcunha que a levou à fama: Thaynara OG, abreviação do sobrenome Oliveira Gomes.

O sonho de Thay na faculdade era se tornar defensora pública para ajudar o maior número possível de pessoas. Desde cedo, a maranhense já se engajava e se preocupava com causas sociais. Em 2006, um autógrafo de Thaynara 'Spears' - ainda com 14 anos - para uma amiga tinha as seguintes determinações: "Depois de ser leiloado, o dinheiro deverá ser doado para uma instituição de caridade em São Luís, Maranhão".

Dez anos depois, vieram os seguidores, aos montes, pelo Snapchat, e Thay abandonou a vontade de ser defensora pública para se tornar influenciadora, que tem hoje 5 milhões de fãs só no Instagram.

O desejo de ajudar as pessoas, contudo, não se foi. Na noite da última terça-feira (15), Thaynara anunciou em um evento badalado em São Paulo mais uma edição do São João da Thay, festa beneficente que acontecerá na capital maranhense em 28 de junho. A última edição, em 2019, reuniu público de 4 mil pessoas e 16 atrações, revertendo R$ 217 mil da venda de ingressos para o Unicef Brasil (Fundo das Nações Unidas para a Infância). No ano seguinte, Thay se tornou embaixadora da organização de apoio a crianças.

Ecoa conversou com Thaynara OG para conhecer como a influenciadora maranhense se envolveu com trabalhos sociais e a vontade de divulgar o seu estado para todo o país.

Manuela Scarpa e Iwi Onodera/Brazil News Manuela Scarpa e Iwi Onodera/Brazil News

Ecoa - Qual a importância de pessoas como sua projeção fazer esse tipo de ação beneficente como o São João da Thay?

Thaynara OG - Influenciar não só as pessoas, mas os próprios influenciadores. Hoje, o que eu vejo é uma disputa por likes tão grande que o que mais engaja é mostrar ostentação, uma vida perfeita, polêmicas. Mas a gente tem que ser grato também. O que aconteceu comigo foi tão de repente, tão transformador, que me vejo como instrumento para ajudar a transformar a vida de outras pessoas. Eu preciso ser grata e retribuir.

A gente tem um alcance tão grande, ganhamos dinheiro com isso pra mudar a própria vida e a vida de nossas famílias, por que não fazer pelo nosso estado, pelos nossos? Então, eu acho importante inspirar influenciadores, porque imagina se todo mundo fizesse algo assim e contribuísse para ajudar, o mundo já estaria a um passinho a mais para ser diferente.

Quem são as pessoas que te inspiram, que te influenciam?

Minha inspiração não é necessariamente uma pessoa física, mas sim uma carreira que eu queria para mim antes de entrar no mundo digital que era a defensoria pública. Sou formada em direito. Então, como eu sempre tive essa vocação dentro de mim, de trabalhar ajudando a mudar a vida das pessoas, meu estágio principal foi na Defensoria Pública da União e isso me fez sair totalmente da bolha e ter contato com realidades completamente diferentes. Essa foi minha grande inspiração. E até mesmos as próprias defensoras que trabalhavam comigo quando eu era estagiária.

Mas que bom que hoje, mesmo fora do direito, consigo continuar ajudando as pessoas e, agora, com mais alcance e mais visibilidade. Eu tive como inspiração, também, outros embaixadores do Unicef. Cresci vendo o Renato Aragão fazendo as ações para doação e isso me inspirava muito.

Independentemente da carreira que eu poderia seguir, estaria fazendo a mesma coisa que é defender o Maranhão.

Thaynara OG

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Como surgiu a ideia de fazer o São João da Thay?

Eu queria fazer algo para o meu estado, o Maranhão, e tinha na cabeça a ideia de fazer um jantar para algumas pessoas para arrecadar dinheiro para alguma instituição. Conversei sobre a ideia com a Preta Gil, uma das minhas madrinhas do evento hoje em dia, e ela que deu a ideia de fazer algo maior e disse que poderia cantar na festa também para chamarmos mais gente.

E como é para você o retorno desse evento, um dos maiores beneficentes do Brasil, depois de dois anos de pausa por conta da pandemia de covid-19?

Estou muito feliz e até já me emocionei por trazer esse evento de volta, ele é muito importante para mim, mas também para os artistas que ficaram parados nesses anos. Muitos grupos folclóricos passaram por muitas dificuldades e, por fora, eu ajudei a arrecadar cestas básicas para eles, mas não é a mesma coisa.

Sempre me preocupei com eles e me sinto responsável por esses grupos, porque o nosso evento movimenta muito a economia e o turismo do Maranhão, vem gente do mundo todo. Uma seguidora minha do Japão já participou do São João da Thay.

Manuela Scarpa e Iwi Onodera/Brazil News Manuela Scarpa e Iwi Onodera/Brazil News

O evento, além de beneficente, é bastante cultural. Queria que você comentasse um pouco o que te motivou a isso.

Eu sempre tive ódio de ligar a TV e ver o Maranhão associado a notícias ruins, me incomodava muito. Meu objetivo hoje, com a influência que eu tenho e a grandiosidade desse projeto, é desmistificar essas coisas e mostrar um Maranhão diferente.

É cada comentário absurdo. O povo acha que o Maranhão não tem nada. Então, quando você vê um evento lindo como esse, mostrando uma cultura rica como essa, lugares incríveis com belezas naturais únicas, você começa a ver as pessoas respeitando o Maranhão e abrindo a cabeça de outras pessoas para isso também. Você vai fazendo um trabalho de formiguinha, mas que tem impacto ao longo do tempo.

E como é unir essa causa cultural à causa social ligada ao Unicef?

Juntar o São João maranhense que é a maior expressão da nossa cultura popular e, ao mesmo tempo, poder ajudar uma instituição, para mim isso é o melhor dos dois mundos. São duas coisas que levo como bandeiras da minha vida, defendo e já tinha como missão. Estudei em um colégio que tinha uns projetos de ajuda a comunidades vulnerabilizadas e eu me envolvia nisso desde cedo.

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