Não é novidade alguma dizer que muita gente nesse país trabalha porque precisa. No caso de um menino de Salvador, a necessidade veio cedo demais: aos 13 anos. Seu pai havia morrido, deixando a mãe sozinha para cuidar dos quatro filhos. Para ajudar em casa, Silvio Silva, hoje com 45 anos, fez de tudo um pouco: foi garçom, motorista e vendedor de abadá, para citar alguns exemplos.
A carteira assinada veio seis anos depois, quando se tornou repositor da Johnson & Johnson nos mercados da capital baiana. Apesar de não fazer ideia do que um repositor fazia, foi assim mesmo, na cara e na coragem. Naquele momento, o importante era ter dinheiro suficiente para conseguir pagar a faculdade de ciências contábeis que tinha começado há pouco.
"Eu não tive a oportunidade que os jovens para quem eu dou mentoria hoje têm. O meu negócio era: tendo oportunidade, eu vou, independente de como era", conta ao afirmar que, de oportunidade em oportunidade agarrada, acabou virando diretor comercial da empresa.
Além do mérito próprio, ele diz que também deu sorte de encontrar líderes e ambientes mais abertos a discutir diversidade no trabalho. Sua entrada na empresa aconteceu em maio de 1996. Naquela década, a pauta começava a chegar nas organizações, e o perfil dele, um jovem negro de periferia, passava a ganhar algum espaço nas empresas, mesmo que ainda insuficiente. Agora o cenário mudou. Segundo pesquisa realizada pela Mais Diversidade, 97% das empresas brasileiras pretendem investir em diversidade em 2021.