Está chegando o aniversário de sua filha e, como presente, ela pediu uma jaqueta nova. Depois de muita procura, você encontra em uma loja online a peça exata que ela queria. Antes da compra, contudo, se lembra de uma reportagem que viu no jornal sobre um resgate de trabalhadores em situação de escravidão naquela mesma loja. E agora, o que fazer?
Resolver esse dilema moral passa por entender a relação entre trabalho e consumo. "Para que bens de consumo sejam disponibilizados, muitas pessoas trabalham", explica Igor Britto, diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Mas essa relação vai além.
"A gente não trabalha só para ganhar dinheiro para consumir, mas a gente trabalha também para consumir. O consumo é mobilizado pelo mundo do trabalho", completa Ludmila Abílio, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (CESIT) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Ou seja, pessoas trabalharam para fazer a jaqueta que você comprará com o salário do seu trabalho para presentar sua filha. Essa ligação intrínseca pode ter diversos atravessadores e, no meio deles, o trabalho infantil ou análogo ao de escravo, por exemplo.
Escolher não comprar de uma marca que tenha em sua cadeia produtiva crimes trabalhistas é um dos passos para o consumo consciente. E como o cidadão é mais que um consumidor, há outras inúmeras contribuições que você pode dar para a construção de um mundo melhor também no trabalho. Sendo assim, que tal começar olhando para as coisas que você tem em casa?