Ônibus, casa, escola, trabalho, aulas de inglês, planilhas. A rotina de Sarah Dias começou aos 14 anos e continua puxada aos 20. Ela quer ser o exemplo para o irmão mais novo e vizinhos de Pirituba, bairro onde mora em São Paulo. Para isso, determinou que dividiria trabalho e estudos. A melhor opção foi uma vaga como Jovem Aprendiz.
O Jovem Aprendiz é uma política pública criada em 2000 e é a primeira experiência de trabalho para milhares de jovens. O programa aumenta em mais de 40% a continuação dos estudos e permite fazer planos, se formar e ter uma carreira.
Segundo especialistas ouvidos por Ecoa, é possível melhorá-lo com atenção especial a jovens negros, ampliá-lo para acima dos 24 anos e prorrogar contratos até o aprendiz ser efetivado. Há muitas possibilidades e necessidades.
A maior geração de jovens do Brasil nunca esteve tão em apuros quando o assunto é trabalho. Há muitos empecilhos: informalidade, cansaço, ansiedade, falta de perspectiva, exigências e, enfim, uma pandemia. "A gente com origem simples é estimulada a trabalhar cedo, mas exigem muita experiência para o primeiro emprego", diz.
Sarah entregava panfletos para pagar um curso de inglês. Desde os 16, sonha com um intercâmbio e uma vaga em um banco. Quando se tornou aprendiz na área de tecnologia, escreveu um pedido de bolsa para cursar Economia em uma universidade. Conseguiu. Em maio, foi efetivada como estagiária em um banco. "Tudo que conquistei foi pelo programa de aprendiz", diz.