Há dois lados do trabalho por aplicativo no Brasil. De um, gera dinheiro para uma nação com 14,7 milhões de desempregados. De outro, há taxas, regras nem sempre transparentes e brigas na Justiça. Por isso, diaristas, donos de restaurantes, motoristas e empresários estão criando suas próprias plataformas tecnológicas para trabalhar. É uma corrida por uma terceira via, que pode mudar novamente o futuro do trabalho no país.
As alternativas vão de plataformas online, novos aplicativos a atendimento por WhatsApp. O objetivo é criar as próprias regras, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e ganhar mais. Para isso, há investidores dispostos a bancar concorrentes para gigantes como iFood, Rappi e Uber. No lugar de corporações, entram em cena negócios menores.
Em Sorocaba, interior de São Paulo, a empresa Goomer criou um cardápio gratuito para WhatsApp. Assim, o negócio saltou de 2 mil restaurantes desde 2014 para mais de 20 mil nos primeiros meses de pandemia. A Goomer vende programas para organizar pedidos, cardápios digitais, entre outros, por um valor fixo.
O CEO e cofundador Felipe Maia Lo Sardo diz que aplicativos são importantes, mas a convivência estimulou restaurantes a discutir a relação ou ir em busca de um novo relacionamento. A empresa calcula que R$ 38 milhões em taxas foram economizados por quem usou a plataforma criada por ele em 2020. "Começou-se a pensar: se o serviço e o cliente são meus, por que vou dividir o que ganho com um aplicativo?", diz.