Foi em outubro de 2021, em Glasgow, na Escócia, que o mundo conheceu uma brasileira com discurso forte, que cobrava ações urgentes para conter os avanços das mudanças climáticas. Misturando referências dos Racionais Mc's com Ailton Krenak, Txai Suruí foi a única brasileira e indígena latino-americana a discursar na abertura da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26).
Desde então, a curiosidade sobre quem era aquela jovem, hoje com 25 anos, se espalhou pelos quatro cantos. Dentro e fora do Brasil, líderes de governos, famosos, a imprensa, movimentos sociais e ambientais se debruçaram para saber mais sobre a vida e as lutas de Txai, que é criadora do movimento Juventude Indígena de Rondônia, coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e mais recentemente se tornou jovem conselheira do Pacto Global da ONU.
Em todos os lugares que frequenta — como ela diz, não tem parado quieta —, leva consigo a responsabilidade de defender pautas que julga fundamentais para pensar um outro Brasil, com mais respeito à floresta e aos povos que nela vivem. Entre elas, a demarcação de terras indígenas.
Filha da indigenista Neidinha Suruí e do cacique Almir Suruí, dois grandes expoentes quando o assunto é defesa dos povos originários e do meio ambiente, Txai acredita que para contornar a crise ambiental será necessário um esforço coletivo de todos os setores da sociedade e o fortalecimento das leis e órgãos ambientais no país. Mas diz ser urgente reconhecer, também, o papel desempenhado por indígenas que mantêm a floresta de pé.
"Quando se preserva uma terra indígena, se preserva o meio ambiente. Nossos territórios são as melhores barreiras contra o desmatamento", diz nesta entrevista a Ecoa.