Em janeiro de 2020, a ativista pelo clima Vanessa Nakate participava do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, junto com outras jovens ambientalistas, incluindo a sueca Greta Thunberg. O grupo posou para fotógrafos e deu entrevista à imprensa cobrando ações de empresas e governos contra a crise climática. Vanessa, no entanto, foi surpreendida ao ver publicada a foto da agência Associated Press: única negra e africana do grupo, ela havia sido cortada da imagem. Apenas as quatro colegas brancas e europeias apareciam na versão editada.
"Eles não cortaram apenas a minha imagem, mas a de um continente inteiro", desabafou a ativista nascida em Uganda. Após a repercussão do caso, a agência reconheceu o erro e pediu desculpas. Aos 25 anos, Vanessa é uma das principais vozes globais na luta contra o racismo ambiental, termo usado para explicar por que determinadas comunidades e regiões são afetadas de maneira desproporcional pelas mudanças climáticas, como é o caso do continente africano. Desde que foi "cortada" da foto, virou capa da revista "Time", foi entrevistada pela atriz Angelina Jolie e recebeu elogios da ativista paquistanesa e prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai.
Formada em administração, Vanessa foi a primeira jovem de seu país a integrar o Fridays For Future, movimento liderado por Greta Thunberg contra a inércia dos governos em frear o aquecimento global. A ativista é fundadora do Rise Up Climate Movement para incentivar ativistas africanos pelo clima, luta pela preservação da floresta do Congo e participa de projetos em escolas de Uganda.
De Kampala, onde mora, ela falou a Ecoa sobre o lançamento do livro "A Bigger Picture" (Pan Macmillan, 2021) e as dicas para quem deseja se tornar ativista. Comentou também sobre a decepção com a COP26, a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, em novembro do ano passado em Glasgow.