Foram as batalhas de rima do início da carreira que transformaram o menino Geizon Carlos da Cruz Fernandes no rapper Xamã — um dos mais ouvidos do Brasil na atualidade. O apelido carregado de referência indígena, no entanto, não veio por causa dos "traços óbvios" de sua origem, como ele define, mas por causa de um... videogame.
Para fugir dos xingamentos dos rivais de rima, ele decidiu criar o apelido inspirado no personagem Nightwolf, um lutador xamã indígena da aclamada franquia Mortal Kombat. A princípio, até chegou a adotar o nome em inglês, mas como ninguém conseguia pronunciá-lo corretamente, optou por deixar como usa hoje. Foi a forma que encontrou para evitar ofensas ao Geizon e às pessoas ao redor dele.
Anos depois, o rapper dono de hits estrondosos como "Malvadão 3" (com mais de 284 milhões de visualizações no YouTube) começou a dar outro sentido ao nome artístico. Filho de pai indígena, Xamã é o que chama hoje de "órfão de etnia", por não saber ao certo de qual povo veio — o que é comum entre populações indígenas por causa de episódios violentos que dizimaram populações ou as expulsaram de seus territórios originários.
Neste depoimento dado com exclusividade ao UOL, Xamã conta como desde 2020 tem buscado conhecer e se conectar mais com sua ancestralidade, frequentando aldeias espalhadas pelo Brasil.