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Antonieta de Barros: professora, política e feminista no Brasil do começo do século 20

Udesc/Divulgação

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Nascida em 11 de julho de 1901 em Florianópolis (SC), Antonieta de Barros conquistou posições quase impensáveis para uma mulher negra nas primeiras décadas do século 20. Foi professora, deputada e escreveu para os principais jornais da ilha, chegando a fundar e dirigir algumas publicações. 

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Foi através do Código Eleitoral de 1932 que as mulheres conquistaram pela primeira vez no Brasil o direito de votar e serem votadas. Antonieta assumiu como deputada estadual em 1935. Com isso, foi uma das mulheres pioneiras na política brasileira e a primeira mulher negra a se eleger no país. Sua plataforma política era centrada na defesa da educação para todos, associada também à emancipação feminina e dos mais pobres. 

A educação, aliás, foi o início de tudo. Sem pai, foi criada pela mãe, Catarina Waltrich, lavadeira e ex-escravizada que trabalhava como doméstica para um importante clã político da cidade, a família Ramos. Em um período em que os índices de analfabetismo eram muito altos no país, principalmente entre a população negra, Antonieta aprendeu a ler e a escrever ainda criança e ingressou no curso primário.

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Aos 17, se tornou aluna da Escola Normal Catarinense, para se formar professora. Fundou em 1922 o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu por 30 anos, até sua morte, e lecionou Português e Literatura em importantes colégios de Florianópolis. Foi autora do projeto de lei que instituiu o feriado escolar do Dia do Professor em Santa Catarina, mais tarde oficializado como nacional.

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Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé. 

Antonieta de Barros

Além de se dedicar ao ofício de professora, Barros também foi cronista e usou esse espaço para defender seus ideais. Os artigos publicados por ela no jornal "República", sob o pseudônimo de Maria da Ilha, foram reunidos no livro “Farrapos de Ideias”, de 1937.  Ela também criou os periódicos "A Semana" (1922-1927) e "Vida Ilhoa" (1930). 

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A alma feminina se tem deixado estagnar, por milhares de anos, numa inércia criminosa. Enclausurada por preconceitos odiosos, destinada a uma ignorância ímpar, resignando-se santamente, candidamente, ao deus Destino e a sua congênere Fatalidade, a Mulher tem sido, de verdade, a mais sacrificada metade do gênero humano

Antonieta em 1932, em texto para o Jornal República

“Por ter representado, ainda que não intencionalmente, a quebra de estereótipos relacionados à etnia, classe social e gênero, acredito que sua trajetória tenha sido um marco na luta dos que se interessam em promover em nosso país uma democracia de fato, onde a todos seja possível exercer os direitos da cidadania plena”, escreveu a historiadora  Karla Dahse Nunes, autora da dissertação “Antonieta de Barros: uma história".

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Não será a tristeza do deserto presente que nos roube as perspectivas dum futuro melhor. (...)  Quando será chegada esta Canaã feiticeira? Quem poderá precisar a época? Talvez cedo, talvez tarde. Será, contudo, quando houver bastante cultura e sólida independência entre as mulheres para que se considerem indivíduos. Só então, cremos existir uma civilização melhor

Antonieta em 1932, em texto para o Jornal República

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Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 13 de março de 2021