O mundo mágico dos brechós: dicas para quem quer começar a garimpar
Por Taís Ilhéu
O vestir custa caro, e não estamos falando só do preço que você pagou na saia ou no casaco novo que está usando. A moda tem um custo social e ambiental muito elevado, sobre o qual não costuma se falar tanto. Mas alguns dados já conseguem dar uma dimensão disso.
A indústria da moda é responsável por cerca de 8% da emissão de gases poluentes do mundo e produz 20% das águas residuais - ou seja, poluídas.
Então cabe às empresas e aos governos mudar esse cenário e tornar a moda mais sustentável, certo? Sim. E nós também podemos ajudar.
É isso que Giovanna Nader descobriu quando mergulhou no mundo da moda sustentável. Conversamos com a autora do livro “Com que Roupa?” e apresentadora do programa “Se Essa Roupa Fosse Minha” para reunir algumas dicas sobre como fazer as compras mais sustentáveis possíveis: em brechós!
As dicas de Giovanna se somam às de Carlota, curadora e dona do Brechó da Carlota.
Mas antes das dicas, algumas razões pelas quais os brechós são uma boa opção!
As roupas de segunda mão são as mais sustentáveis, porque evitam novos gastos com água, energia, tecidos e outros insumos. Afinal, elas já estão prontas!
São peças únicas. Dificilmente você encontrará alguém usando uma calça ou uma bolsa idêntica à que você comprou em um brechó.
Roupas de brechó são de melhor qualidade. Não é a regra, mas se a roupa tem alguns anos de uso e ainda assim chegou até o brechó em bom estado, é porque o material de fabricação é mais durável.
O custo-benefício é melhor. Mesmo as roupas vendidas um pouco mais caras nos brechós acabam compensando, já que costumam ser peças únicas e de bons tecidos. Uma peça nova da mesma qualidade sairia muito mais cara.
Agora, sim: Vamos às dicas!
Os brechós não são como as lojas de roupas novas, em que você encontrará tudo à disposição, organizado por categorias. Não é à toa que usa-se o termo garimpar para as compras de produtos usados.
1. É preciso disposição
Normalmente, a experiência é o achado. Então essa é a primeira dica: ir com a mentalidade de caça ao tesouro. Tudo pode ser uma surpresa!
Giovanna Nader
Autora do livro “Com que Roupa?” e apresentadora do programa “Se Essa Roupa Fosse Minha”, no GNT
Isso quer dizer que você provavelmente encontrará algumas roupas com pequenas manchas, marcas de ajuste… isso não quer dizer que a roupa está velha! É preciso diferenciar o velho do usado. Roupas bem conservadas e de boa qualidade podem ter sinais de uso. Em alguns casos, vale a pena levar a peça e fazer pequenos reparos.
2. Roupas usadas têm história
Às vezes a própria pessoa pode colocar um botão, fazer um bordadinho em cima. É o mesmo que a pessoa faria com a própria roupa. Se tem uma manchinha na sua peça não descarte, ressignifique. Roupa não é para jogar no lixo!
Carlota
Proprietária do Brechó da Carlota
Em vez de gastar suas horas no brechó acumulando o máximo de roupas que consegue, prefira analisar com cuidado aquelas que realmente gostaria de levar. Olhe a composição do tecido – os de fibras naturais são mais duráveis – e quais são as instruções de lavagem para conservar melhor a peça.
3. Qualidade é melhor do que quantidade
Caso opte por fazer compras em brechós online, tenha atenção redobrada ao tamanho da peça. O ideal é solicitar ao lojista que mande as medidas da roupa em centímetros. Carlota alerta que roupas vintage, por exemplo, costumam ser muito menores do que as produzidas hoje em dia. Uma calça 38 confeccionada há décadas pode corresponder ao tamanho de uma calça 34 vendida atualmente.
4. Em compras online, atenção ao tamanho
Não é só nas lojas de departamento que o consumismo aflora. Para evitar comprar mais do que deveria nos brechós, é importante ter em mente as cores e modelagens de roupa que realmente gosta. Assim, não corre o risco de levar peças que nunca sairão do guarda-roupa.
5. Tenha seu estilo bem definido
Antes de ir ao brechó é preciso fazer essa busca pelo estilo próprio. Todo mundo tem um, basta ter autoconhecimento para identificar
Giovanna Nader
Autora do livro “Com que Roupa?” e apresentadora do programa “Se Essa Roupa Fosse Minha”, no GNT