Instituto Biota de Conservação resgata animais nas praias do Nordeste
Pelo formato e casco, você consegue perceber: é uma tartaruga. Não dá para saber, no entanto, se está viva ou morta. Afinal, o bicho está coberto por manchas escuras do óleo que se espalhou pelas praias do litoral nordestino.
A imagem do animal resgatado em Maragogi (AL) no último dia 16 viralizou na internet. Ele estava vivo. E assim continua graças à população, que o encontrou e avisou uma equipe de profissionais que vem tratando dele desde então.
São os voluntários do Instituto Biota de Conservação, uma ONG que, há dez anos, se dedica a proteger a fauna marinha da costa alagoana.
"Temos uma equipe monitorando trechos críticos, mas boa parte dos resgates são feitos com a ajuda de moradores, que encontram os animais e nos avisam", afirma a veterinária Uylla Lopes, 28, voluntária da ONG que já registrou 13 animais desde que o óleo chegou por ali. Desses, 5 estão vivos.
O caminho do tratamento
Quando um animal é encontrado com manchas de óleo, ele recebe os primeiros socorros. O processo consiste em uma limpeza feita com óleo vegetal.
Se o estado for grave, com as vias áreas comprometidas, por exemplo, é preciso desobstruí-las com estopa e gaze. Depois disso, os animais são levados para uma base de estabilização, onde são hidratados.
Eles permanecem ali até que estejam em condições de aguentar a viagem até o Centro de Despetrolização, em Sergipe. É só lá que as espécies 'tomam banho'.
Até o momento, 39 animais contaminados com o óleo já foram encontrados ao longo do litoral atingido, segundo o Ibama.
A importância do resgate
Os animais encontrados contaminados pelo óleo podem ser a chave para descobrir quais os riscos da substância para a saúde de outras espécies, inclusive a humana.
"Alguns deles podem ter tido contato com o óleo e seguiram seu curso. Já outros acabam ficando doentes e encalham. É o mesmo que pode acontecer com a gente. Mas ainda não temos como saber em que grau esse óleo vai prejudicar o nosso corpo", afirma Uylla.
A ONG tem como missão reabilitar e devolver ao mar animais que foram resgatados, além de coletar dados para estudos científicos.
"Nossas pesquisas dependem desses encalhes, que servem de laboratório para subsidiar políticas públicas e estratégias de conservação", conta o biólogo Bruno Stefanis, 34, fundador e diretor do Biota.
O instituto realiza ainda campanhas de conscientização para a preservação da fauna marinha, além de orientar a população sobre a importância de recuperar animais encontrados na beira da praia.
Em nome da ciência
Em 2009, quando ainda estava na graduação, Bruno percebeu a carência de estudos sobre mamíferos aquáticos e tartarugas em Alagoas. Ao lado de cinco amigos, criou a ONG, que funciona graças ao trabalho de 15 voluntários, entre eles veterinários, biólogos e estudantes.
Há ainda uma veterinária remunerada com verba vinda de um patrocinador do comércio local. No ano passado, uma empresa norueguesa também financiou um projeto de monitoramento de praias que permitiu estruturar a sede, em Maceió.
"Todos os equipamentos de resgate que adquirimos durante esse período estão sendo usados na contenção do desastre atual", afirma Stefanis.
Além de voluntários, o Biota mantém uma forte relação com a população. "É muito frustrante a pessoa, no final de semana, tentar ligar para milhares de números para salvar um bicho e ninguém atender. Nós, não. Damos esse suporte em tempo integral. Afinal, é do nosso interesse o resgate das espécies. A população manda foto e vamos até o local. Se não podemos ir, acionamos parceiros", diz.
Como ajudar Para ajudar o Instituto Biota e o trabalho dos voluntários é possível se tornar sócio contribuinte por meio de doações. As informações estão no site da ONG: https://www.institutobiota.org.br/. Caso encontre animais ou áreas de praia oleadas, o Biota disponibilizou números de telefone que podem ser acionados: (82) 99115-2944 / 98815-0444 / 99115-5516. É importante informar a data, cidade e praia onde o animal foi encontrado.
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