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"A odisseia dos tontos" lava a alma das pessoas honestas

Darín, Llinás e Brandoni em "A odisseia dos tontos" - Divulgação
Darín, Llinás e Brandoni em "A odisseia dos tontos" Imagem: Divulgação

Giuliana Bergamo

de Ecoa

10/11/2019 04h00

Se você é uma pessoa trabalhadora e honesta, que costuma cumprir regras, provavelmente já se sentiu uma tonta. Fica sempre a sensação de que, no fim das contas, quem leva a melhor são as pessoas espertas, que acabam passando por cima da gente. E, então, uma dúvida soa como tentação: será que vale a pena ser tão correta assim?

"A odisseia dos tontos", novo filme estrelado pelo argentino Ricardo Darín, é exatamente sobre esse sentimento.

A história se passa em uma cidade minúscula da província de Buenos Aires no ano de 2001, quando o "corralito", bloqueio bancário imposto pelo então presidente Fernando de La Rua, afundava a Argentina na pior crise econômica daquele país.

É lá que um grupo de moradores se une para comprar silos desativados e montar uma cooperativa. Para isso, juntam suas poucas reservas de dinheiro e partem para uma entusiasmada negociação.

Liderados por Fermín (Ricardo Darín) e Lídia (Verónica Llinás), o grupo conquista muitos adeptos e uma quantia considerável de dinheiro. Tanto que resolve colocar tudo em um cofre no banco, para não correr risco. Só que.... que tonteria! Acabam vítimas de um golpe.

Não são as atuações, os cenários, nem a complexidade do roteiro os pontos altos de "A odisseia dos tontos". A graça do filme está da forma bem humorada que a história dos injustiçados é contada.

Em um mundo onde as injustiças parecem banalizadas, a saga de Fermín e seus vizinhos é revigorante. Se depender das autoridades, a justiça não será feita. Mas uma comunidade traída em grupo é capaz de quase tudo para resgatar sua dignidade. E se manter unida.