Estudante cria absorvente sustentável para mulheres em situação de rua
Antes mesmo de se formar, Rafaella de Bona, 22, começou a carreira como design de produtos de forma brilhante. Ela criou algo que pode beneficiar muitas mulheres em situação de rua: o projeto Maria. Trata-se de um absorvente interno feito de material biodegradável, que facilita o uso, garante a higiene e diminui o impacto gerado pelo resíduo.
A ideia surgiu durante um trabalho de conclusão de um curso livre de design no Centro Europeu, em Curitiba, com o nome de "Soluções de impacto para o futuro" e que teve curadoria do premiado Furf Design Studio. Durante as aulas os alunos foram desafiados a escolher um dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU).
"Escolhi a 'erradicação da pobreza' para pautar meu trabalho e comecei uma pesquisa online para ver as ações aqui na minha cidade. Então percebi que há muita discussão sobre pessoas em situação de rua que, ao contrário do que muita gente pensa, é um grupo diverso, com famílias inteiras, crianças, idosos e mulheres", conta Rafaella.
Pobreza menstrual
Ao se aprofundar sobre o tema, a estudante descobriu o termo "pobreza menstrual". Trata-se de uma situação de tamanha vulnerabilidade que mulher não tem acesso a itens básicos de higiene íntima, como os absorventes.
"O documentário 'Absorvendo o Tabu' foi uma das minhas referências. Ali vi em detalhes que a pobreza menstrual é uma das responsáveis pela desigualdade de gênero. Algumas meninas na Índia, por exemplo, não vão à escola nos dias em que estão menstruadas", diz.
Quem vive nas ruas não têm banheiros decentes para fazer higiene, uma cama para deitar se estiverem com cólica, e sem acesso a absorventes, acabam usando plástico, papel, jornal e restos de tecido.
Higiênico e sustentável
Diante disso, Rafaella resolveu desenvolver um absorvente a partir de material biodegradável e que fosse interno, já que muitas não têm nem calcinha. "Um vídeo com uma moradora de rua me chamou muita atenção. Ela pegava o absorvente comum, retirava o material de dentro, enrolava e fazia um interno para ela, para não vazar", fala.
Com a ideia na cabeça e o apoio do corpo docente, Rafaella passou a colocar no papel e chegou ao desenho final. Ela pensou em um rolo com várias opções de destaque, de acordo com a quantidade de sangue. O objetivo é que seja como um papel higiênico, fácil de levar e simples.
Depois de destacar, a pessoa enrola o absorvente, que fica no mesmo formato de um interno com uma parte menor para fora, para poder retirar com segurança. "Escolhi como material a fibra de banana, que já é usada na Índia para fabricação de absorventes externos. Tive a orientação de um médico e de um biólogo, mas ainda não fiz testes nem tenho protótipo", conta.
Um futuro próspero
Rafaella apresentou seu trabalho de conclusão de curso, passou com louvor, e um amigo a incentivou a se inscrever no prêmio alemão iF Design Talent Award 2019 para talentos emergentes, considerado o oscar do design no mundo.
Entre nove mil inscritos, 91 foram premiados. Rafaella estava entre eles. Os próximos passos agora são desenvolver melhor o projeto, fazer um protótipo e um plano de negócios, já que Rafaella quer colocar, depois de formada, o absorvente para fabricação.
Ela também pretende procurar parceiros, empresas de produtos de higiene para fabricar, sempre com o foco no fornecimento para mulheres que vivem nas ruas. "Minha intenção não é ganhar dinheiro e sim dar visibilidade a esta questão. Elas são meu objetivo antes de qualquer outro."
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