Pessoas com deficiência sofrem mais preconceito no transporte, diz pesquisa
Foi no transporte público que os paulistanos mais sofreram ou presenciaram preconceito contra pessoas com deficiência, segundo a pesquisa "Viver em São Paulo - Pessoa com Deficiência", divulgada nesta quarta-feira (11) pela Rede Nossa São Paulo e realizada em parceria com o Ibope Inteligência. O estudo revelou, ainda, que a acessibilidade em ruas e calçadas teve o menor número de avaliações boas e ótimas, enquanto igrejas, a melhor.
Segundo o balanço, 34% dos entrevistados já sofreram ou presenciaram preconceito contra pessoas com deficiência no transporte público. Entre os que têm, convivem ou conhecem esse público, o número é ainda maior: 51%. O levantamento ouviu 800 pessoas de 16 anos ou mais (171 pessoas com deficiência e 617 sem deficiência). A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Nos espaços públicos e de convivência, o preconceito é percebido por 31% das pessoas (45% entre quem tem deficiência ou convive com quem tem). Foram avaliados, ainda, espaços como o ambiente familiar, a escola, hospital, igreja e trabalho. Entre eles, o local visto como menos preconceituoso foi a igreja (6%, entre todos os entrevistados, e 12% entre quem tem ou convive com quem tem deficiência).
Segundo Carolina Guimarães, coordenadora da Rede Nossa São Paulo, o objetivo da pesquisa é sensibilizar as pessoas sobre como a cidade não pensa no direito de todos.
Deveria ser garantido o acesso de ir e vir, ou seja, o direito à cidade. Ela deve ser pensada por e com todos, e isso não acontece. Muitas mulheres e homens, quando se tornam mães e pais, têm o primeiro contato com a inacessibilidade da cidade, com o carrinho do bebê, por exemplo. Imagina viver isso todos os dias?"
Acessibilidade
Quando o assunto é acessibilidade, a maior parte dos entrevistados avalia ruas e calçadas de São Paulo com o menor percentual de "bom" ou "ótimo" (10%). "O transporte público, especialmente novos ônibus, tendem a ser mais acessíveis. Mas essa acessibilidade está longe de ser universal, ou quase universal. Acredito que o acesso possa estar melhor, porém a qualidade dele ainda nem tanto. Ou seja, são mais pessoas com deficiência circulando, mas ainda com muita dificuldade", comenta Carolina.
Já as igrejas aparecem na outra ponta, com 42% dos entrevistados avaliando como boa ou ótima a acessibilidade, seguidas por estações de trem ou metrô (39%), escolas e faculdades (34%), hospitais e postos de saúde (32%), trabalho (28%), pontos de ônibus (27%), ônibus municipais (27%) e praças e parques (24%).
Garantir a acessibilidade das calçadas, semáforos, paradas, pontos e terminais de ônibus é, para a maioria dos paulistanos entrevistados, a principal medida para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência na capital.
De acordo com o levantamento, 26% acham a ação essencial. Na sequência aparecem outras propostas: criar medidas que garantam que todas as crianças com deficiência estejam matriculadas em creches e escolas é o principal para 12% dos entrevistados.
Outros 11% acreditam que uma medida imediata deveria destinar ônibus e vagões de trens e metrô adaptados para fazer o transporte exclusivo de pessoas com deficiência. Dez por cento acham que aumentar o atendimento especializado para pessoas com deficiência na rede pública municipal de saúde deve ser uma ação prioritária. Outros 9% defendem a ampliação do programa Atende+, especializado no transporte desse público.
Criar escolas que possam acolher crianças e adolescentes com todos os tipos de deficiência está na lista de prioridades de 8% dos entrevistados, enquanto 7% deles pensam que aumentar a inclusão de pessoas com deficiência nas atividades culturais desenvolvidas pela prefeitura é essencial. Por último, 6% querem como medida prioritária que seja garantido o cumprimento da Lei de Cotas para assegurar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Ao todo, 3% não escolheram nenhuma das opções acima e 8% não sabem ou não responderam.
Pela cidade
A pesquisa revelou, ainda, que hospitais e postos de saúde são os locais que mais possibilitam aos entrevistados ver ou ter contato com pessoas com algum tipo de deficiência. Vinte e oito por cento das pessoas que participaram das entrevistas dizem que esses são os locais onde veem pessoas com deficiência em São Paulo.
Na sequência aparecem shoppings (15%), local onde mora, como rua, vila e condomínio (12%), trabalho (8%), praças e parques (7%), igrejas (5%), escolas e universidades (4%), ambiente familiar (3%) e clubes (1%). Dezessete por cento não souberam ou não responderam.
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