Com tantos estudos contraditórios, como saber se há boas notícias?
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, diz que os resultados preliminares de testes com hidroxicloroquina feitos por seu Estado não são animadores, enquanto, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina define critérios para o uso do medicamento no tratamento da Covid-19. Esses são apenas dois exemplos das últimas 24 horas de notícias sobre estudos e protocolos científicos que podem parecer contraditórios. Mas essa sensação de se confundir com as informações, algo que já existia no jornalismo científico, tornou-se muito presente durante a pandemia. Quando, afinal, saber se temos, de fato, uma boa notícia sobre um tratamento?
A resposta é positiva, mas talvez pouco empolgante: sempre são boas notícias. Quando falamos de estudos clínicos, o importante é que as respostas estejam sendo obtidas, sejam quais forem. Melhor se for o resultado esperado, claro. Mas a produção de conhecimento vale por si, e é mais um passo em direção ao objetivo.
Também por isso, noticiar resultados de estudos é algo tão delicado, e uma arma poderosa de argumentação. Porque nós, pessoas comuns, não sabemos como eles funcionam. Desconhecemos seus parâmetros, valores e aplicações. É tentador o conforto de um título que indica que há cura, e ela está próxima ou em nossas mãos. Mas, se não houver cuidado na comunicação, uma informação que no futuro se prova cientificamente desimportante pode nos levar, no presente, a conclusões estapafúrdias e perigosas. Mesmo alguém qualificado, sozinho, não está apto a estabelecer respostas - por isso os estudos são sempre submetidos a revisão de pares.
Então, enquanto ler sobre estudos e hipóteses de tratamento pode ser alento para algumas pessoas, pode tornar-se fonte de ansiedade para outras. E de risco para todas, sem as devidas precauções. Como o remédio e o veneno, a dose talvez também seja vital na informação.
Isso não significa que o público não pode se beneficiar, na prática, da comunicação de resultados científicos. Um exemplo de boa notícia desse tipo é a publicação feita pela Anvisa com uma lista de produtos que podem substituir o álcool 70º na desinfecção em diversos usos. Diante do aumento da procura e preço do álcool no mercado, a agência apresentou uma série de produtos alternativos para o mesmo fim, descrevendo o uso e a dose de cada um.
E, para manter a sanidade (física e mental) de todos nós que seguiremos submetidos a uma avalanche de informações, muitas vezes confusas ou angustiantes, mesmo com cautela, mais uma vez, os cientistas: um grupo de alunos de mestrado e doutorado do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP criou a plataforma Covid Verificado, que tem a proposta principal de fazer checagem científica de informações relacionadas à Covid-19.
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