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Sacrificar humanos por imunidade de rebanho é, além de tudo, uma ideia ruim

Estudo reúne dados concretos contra o conceito de imunização de rebanho, defendida durante a pandemia do novo coronavírus - David Mdzinarishvili/Reuters
Estudo reúne dados concretos contra o conceito de imunização de rebanho, defendida durante a pandemia do novo coronavírus Imagem: David Mdzinarishvili/Reuters

Carina Matos

Colaboração para o UOL, de São Paulo

14/05/2020 18h43

Se sua ética tem sido tentada pelos exercícios hipotéticos de quem advoga uma suposta imunidade de rebanho como combate à contaminação por coronavírus, boas notícias para sua paz de espírito: além de tudo, a ideia é ruim.

O efeito rebanho é a imunização coletiva que uma comunidade recebe quando a maior parte de seus membros estão imunizados. Mesmo que alguns - desde que sejam poucos - não estejam, a comunidade acaba formando uma barreira que dificulta que os micro-organismos atinjam essas pessoas. Mas, para isso funcionar, o índice de imunizados tem que ser muito alto. Por exemplo, para manter o sarampo longe, 95% das pessoas precisam estar vacinadas.

Desde o início da pandemia, o movimento contra o isolamento social tem advogado em favor do efeito rebanho como método de combate: deixar que todos se contaminem, alguns sejam sacrificados e a comunidade se imunizasse como consequência. Além de ser mórbida e de ninguém saber, de fato, se o contato com o coronavírus cause imunidade, há agora dados concretos contra a ideia. Com mais de 27 mil mortos e o segundo maior número de infectados no mundo até agora, só 5% da população da Espanha teve contato com o coronavírus até agora. Melhor deixar a estratégia da imunidade coletiva pro gado.

Diariamente, Ecoa selecionará boas notícias como essas para te ajudar a ter um pouco de esperança e mais informação no meio da pandemia de Covid-19.

Outros bichos

O presidente tem razão, tem quem esteja se aproveitando do isolamento social. Não é gente, claro, mas tem. Desde que as pessoas saíram de cena, por todo o mundo têm havido relatos da natureza reocupando espaços, normalizando comportamentos e até reaparecendo onde estavam sumidos.

Com o tempo passando e as semanas se acumulando, no entanto, os efeitos positivos do "sumiço" humano sobre a natureza já começam a ter resultados concretos. Na Itália, pesquisadores observaram um aumento de 50% nas espécies de flores polinizadas por um grupo de abelhas, além da melhora da qualidade do mel. Menos prático, mas infinitamente mais bonito, é o show estrelado pelos cervos que ocuparam um parque de cerejeiras floridas - sem turistas este ano - no Japão.

Sem sacrifícios

A organização Mercy For Animals, que combate a exploração animal, lançou o projeto Comida Que Faz Bem, em parceria com a Instituição Redes da Maré. O programa tem como objetivo levar cerca de três mil refeições 100% vegetais para crianças e famílias vulneráveis no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (RJ), que conta com cerca de 140 mil moradores. Para saber mais e doar, clique aqui.