Governos duros contra pandemia já colhem benefícios políticos e econômicos
Depois de poupar (muitas) vidas, algumas nações cujas governantes agiram com agilidade e firmeza no combate à pandemia já começam a colher outros benefícios. O administrador público que precisar de um empurrãozinho extra (já que o 13.000+ mortes não bastam) para tomar medidas mais duras, com menos hesitação, ou para fazer uma injeção mais substancial na economia e nas compensações aos cidadãos, pode mirar-se no exemplo dessas mulheres.
Na Alemanha de Angela Merkel, que controlou o vírus com isolamento amplo, testes em massa e já vive o processo de desconfinamento, o índice de confiança na economia deu um salto e mostra que investidores esperam recuperação já no segundo semestre.
Essa recuperação, em boa parte, deve ser garantida graças à pesada participação do governo em programas de proteção aos empregos e às empresas atingidas pela crise. Com PIB equivalente a 25% do PIB da UE, a Alemanha responde por mais da metade (52%) dos quase 2 trilhões de euros injetados pelos Estados em suas economias até agora. E não pretende parar por aí: com a França, propõe um plano de socorro econômico de 500 bilhões de euros, e ainda vai elevar a compensação aos trabalhadores com jornada reduzida.
Aprovação recorde
A Nova Zelândia teve sua primeira-ministra Jacinda Ardern considerada pela imprensa internacional a "líder mais eficaz do planeta" no combate à pandemia (da qual o país já está livre). Não deu outra, e ela é hoje a mais popular premiê do país dos últimos 100 anos. Na pesquisa divulgada ontem, mais da metade dos neozelandeses aprovavam Jacinda e seu partido, e impressionantes 92% aprovavam as rigorosas medidas de isolamento implantadas por ela. Hoje o país viveu seu segundo dia consecutivo sem novos casos. Ao todo, 21 pessoas morreram de Covid-19 na Nova Zelândia.
Enquanto isso
Em São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil que luta (e perde) para manter o índice mínimo de isolamento social, prefeitura e governo se uniram na criação de um megaferiadão de última hora. A ação seria uma "última cartada" na contínua postergação de um lockdown.
No exemplo neozelandês, o lockdown foi adotado imediatamente após o primeiro caso.
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