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SP quer que propostas de reabertura da economia protejam mulheres

Enfermeiras em evento em Wuhan - CHINA DAILY/REUTERS
Enfermeiras em evento em Wuhan Imagem: CHINA DAILY/REUTERS

Carina Martins

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

28/05/2020 19h10

Há algumas maneiras de pensar uma reconstrução e, graças ao momento propício, todas elas têm exemplos práticos no mundo agora.

Entre elas, tem quem decida simplesmente deixar o barco correr e salve-se quem puder. Por hoje, deixemos de lado o exemplo que temos em casa, e vamos de Suécia: embora o país pelo menos tenha um plano de enfrentamento da pandemia, o plano é do tipo que, aparentemente, inclui deixar quem é velho morrer mesmo.

Tem quem invista dinheiro público pesado em um plano para proteger e reerguer a economia, como o Japão, que já está na segunda parcela de US$ 1 trilhão de seu auxílio emergencial. E tem quem pese a mão no investimento com a mesma força, mas adotando atualizações para corrigir desigualdades e erros passados e criar uma economia para os novos tempos. Como a UE, que aprovou um pacote de 750 bilhões de euros, dos quais dois terços seriam repassados aos países membros a fundo perdido, desde que atendam a quatro das cinco prioridades da UE: zerar emissões de carbono, digitalizar a economia, construir uma cadeia de suprimentos menos dependente de importações e manter o bloco como interlocutor China e Estados Unidos.

A capital paulista não se encaixa em nenhum desses exemplos. Mas o prefeito Bruno Covas indicou nesta quinta (28) que existe uma preocupação em mitigar os agravantes causados por desigualdades quando chegar à fase de flexibilização. Isso porque o prefeito pediu que as entidades setoriais que incluam projetos que protejam os empregos das mulheres em suas propostas de retomada. O cuidado, segundo ele, foi tomado porque já há planos para a economia reabrir, mas escolas e creches estão fora de cogitação. Com quem ficariam então os dois milhões e meio de crianças em idade escolar da cidade?

"A pandemia está aprofundando as desigualdades pré-existentes, expondo vulnerabilidades nos sistemas sociais, políticos e econômicos, que por sua vez estão ampliando os impactos da pandemia. Em todas as esferas, da saúde à economia, da segurança à proteção social, os impactos da covid-19 são exacerbados para mulheres e meninas simplesmente por causa de seu sexo", diz a ONU. A desigualdade na divisão dos cuidados é uma das que fica exposta agora.

A fala do prefeito, por enquanto, parece estar no âmbito da intenção, já que não há nenhuma indicação desse pré-requisito na página aberta para o recebimento das propostas. Ou seja, mal é notícia. Mas é boa.

Mulheres em situação de rua

As mulheres são minoria na população em situação de rua, mas são maioria entre as vítimas de agressão desse grupo. "Embora mulheres não sejam a maioria na população de rua, elas são o grupo mais vulnerável às violências. E o que mais nos chocou foi a questão dessas mulheres terem que esconder sua feminilidade, não serem vista como mulheres, para não se tornarem vítimas de violências", diz Pâmela Lessa. Ela é criadora do coletivo Pretas Ruas, que acolhe e trabalha com mulheres nessa situação, e que vivencia novas necessidades e emergências durante a pandemia. Para saber mais e doar, visite solidariedadenasruas.bonde.org

Adote uma diarista

Mulheres também são maioria entre as trabalhadoras domésticas diaristas, uma das categorias mais prejudicadas pelo isolamento social. A comunidade Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, tem uma campanha de transferência de renda para as muitas mulheres nessa situação que vivem lá.