Restaurantes da capital servem quentinha para pessoas em situação de rua
O isolamento social decretado na cidade de São Paulo como medida de prevenção contra o novo coronavírus deixou alguns setores do comércio na berlinda. Dentre os mais atingidos está o de bares e restaurantes. Com os salões fechados, muitos que não trabalhavam com sistema de entregas tiveram que adotar o delivery como estratégia e buscar novas formas para manter o funcionamento.
Seguindo este movimento de adaptação, mas também preocupados com o impacto que a crise provoca em populações em situação de vulnerabilidade, restaurantes renomados, principalmente aqueles localizados no centro da capital, começaram a doar quentinhas para pessoas do entorno. De acordo com a pesquisa censitária da população em situação de rua realizada em 2019, havia 24.344 pessoas nesta condição, sendo ao menos 11.048 delas morando e circulando pela região central.
Conheça algumas destas iniciativas:
Casa de Francisca
As portas do palacete - e de sua cozinha - na esquina das ruas Quintino Bocaiúva, Direita e José Bonifácio, foram fechadas antes mesmo de decisões oficiais da prefeitura. "Interrompemos drasticamente todas as nossas atividades mesmo sem saber como seria que continuaríamos. Durante esse período, nossa angústia diante da situação das muitas famílias que dependem financeiramente da Casa e de pessoas em situação de vulnerabilidade nos assolou todos os dias. Pensamos que não faria nenhum sentido, nesse momento, iniciar um delivery sem considerar uma maneira de ajudar as pessoas", conta Rubens Amatto, sócio-fundador.
Após um período maturando as possibilidades, resolveram produzir alguns pratos do cardápio da casa para delivery, mas também para doações. A equipe de 45 pessoas foi enxuta ao máximo: apenas três colaboradores, que não usam transporte público e moram pelo centro, são os responsáveis para preparar dez opções de pratos congelados semanalmente, além das quentinhas que serão doadas. Os pedidos são realizados por aplicativo próprio e é também por lá que os clientes colaboram, comprando marmitas para serem doadas.
"Fazemos o máximo que nossa equipe consegue por semana. Acabamos entregando muito além da quantidade de doações realizadas por clientes pelo nosso site".
Para amenizar riscos de contágio e evitar um trânsito grande de entregas, fazem apenas uma entrega diária, com carro próprio. Já a distribuição das refeições aos moradores em situação de rua é feita pelos freis do Serviço Franciscano de Solidariedade, no Largo São Francisco.
A Casa do Porco e O Bar da Dona Onça
À frente do único restaurante brasileiro da disputada lista "The World's 50th Best Restaurants", Jefferson Rueda transformou A Casa do Porco em uma cozinha comunitária onde assa diariamente dois porcos vindos de sua criação sustentável de animais para preparar de 400 a 700 marmitas que alimentarão a população em situação de vulnerabilidade social nos arredores da República, onde fica o restaurante. Acompanhamentos como arroz, feijão e salada completam as marmitas distribuídas com o apoio de ONGs e ajuda de voluntários em hospitais, ruas e comunidades da capital, como Hospital das Clínicas, Favela do Moinho, Favela do Boqueirão e Ocupação da Marcela.
Também comandado pela chef Janaína Rueda, esposa e sócia de Jefferson, O Bar da Dona Onça, localizado no icônico Edifício Copan, tem funcionado desde março como posto de recolhimento de mantimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal que são doados às ocupações das redondezas.
Jamile
Um dos restaurantes do chef Henrique Fogaça, o Jamile fica no Bixiga e é o centro de preparo e distribuição de marmitas para pessoas em situação vulnerabilidade. O chef e uma equipe de voluntários preparam das 8h à 23h, 300 marmitas diariamente. Por mês são 10 mil. "Já batemos a entrega de 20 mil marmitas e enquanto continuarmos recebendo doações, também vamos continuar o projeto Marmita do Bem", diz Anuar Tacach, sócio de Fogaça no Jamile.
Desde a semana passada, além das marmitas, a equipe está distribuindo também materiais de higiene pessoal, cobertores e roupas.
Mocotó Bar e Restaurante
Há 13 km do centro, o restaurante de comida sertaneja na Vila Medeiros, na Zona Norte da capital, começou a preparar refeições assim que o salão fechou as portas na segunda semana de março. A princípio eram 100 refeições por dia como extensão da "comida da família", aquela que sempre fazem para a equipe.
Depois de algumas semanas, a ação ganhou repercussão e muita gente os procurou, tanto para comer como para oferecer ajuda. Assim, decidiram aumentar a quantidade e hoje, servem 200 refeições diariamente, 7 dias na semana, para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
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