Como ajudar indígenas que ainda não receberam cestas do governo
No começo da semana, a ministra Damares Alves anunciou que os indígenas da região de São Gabriel da Cachoeira (AM) podiam ficar "confortáveis em suas aldeias", porque "compramos 320 mil cestas básicas de alimentação e as cestas já chegaram para as comunidades".
As comunidades estranharam, já que o município - cuja população é mais de 90% indígena e é a 4ª cidade mais atingida pela covid-19 no AM - não recebeu até agora nenhuma cesta do governo federal. Foi um mal-entendido, explicou depois o ministério. As cestas já foram, só que ainda não chegaram. E 320 mil é o número previsto de toda a distribuição de cestas em povos indígenas de todo o Brasil durante os meses em que a ação for feita. Ainda estamos na metade dela.
"Até agora, do próprio ministério mesmo não teve nada", diz Marivelton Baré, diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).
"Fui informado de que, agora, disponibilizaram recursos emergenciais para aquisição das cestas aqui pela Funai, a nível local, para poder fazer a entrega. Mas até hoje não chegaram e tudo indica que vão custar mais ainda a chegar", afirma.
A questão das cestas é prioritária, diz Marivelton, e elas precisam "ser de acordo com a necessidade local". Não podem faltar, por exemplo, sabão, sal e fósforo. Mas as cestas que o ministério diz que chegarão não foram elaboradas em conjunto com nenhum representante dos indígenas locais e, como o órgão também não respondeu a esta coluna, não dá para saber se o que vai chegar, quando chegar, será o que a comunidade precisa.
Enquanto isso, a cidade já acumula 2.352 casos de covid-19, com comunidades inteiras infectadas. Com parte da população indígena vivendo em meio urbano e parte distribuída por 750 comunidades na bacia do rio Negro, o isolamento social é essencial. O que, naturalmente, demanda ter meios de sobrevivência. "Só nós aqui já distribuímos praticamente 3.500 cestas de alimento, entre FOIRN, Instituto Socioambiental e parceiros locais", conta o diretor da FOIRN.
Para fortalecer esses recursos e garantir que eles atendam às necessidade reais, a federação tem a campanha "Rio Negro, Nós Cuidamos!". A iniciativa busca apoio para a compra de produtos de limpeza, ferramentas agrícolas, combustível, kits de pesca, alimentos não perecíveis e ampliação de serviços de comunicação fundamentais via radiofonia, carros de som e informes de áudio no combate ao coronavírus. A arrecadação até agora não chegou a 20% da meta. Dá para ajudar: https://noscuidamos.foirn.org.br
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