Estudo traz medidas para baixar transmissão de Covid no transporte público
Com a flexibilização das atividades em andamento, algumas das medidas tomadas pelas cidades brasileiras em relação ao transporte durante a pandemia começam a atrapalhar mais do que ajudam. Pior: nas regiões periféricas, a diminuição da frota mostrou-se problemática desde o começo — e é sobre esse cenário já ruim que se produz o novo agravamento.
É o que comprova um estudo produzido pela Rede de Pesquisa Solidária, grupo de mais de 40 estudiosos "mobilizados para aperfeiçoar a qualidade das políticas públicas do governo federal, dos governos estaduais e municipais que procuram atuar em meio à crise da Covid-19". A boa notícia é que o mesmo documento traz simulações de medidas alternativas e relativamente simples para diminuir o impacto do transporte público na transmissão da Covid-19.
Logo no topo das conclusões, aquela que até quem não vive já descobriu: desigualdades raciais e sociais nos deslocamentos urbanos aumentam o risco de contágio em moradores das periferias. Vide a já célebre foto do BRT lotado às 22h de uma segunda-feira, dia da reabertura do comércio carioca. O isolamento, é claro, não acontece da mesma maneira uniformemente pela cidade, porque existem condições prévias de desigualdade que afetam as condições para manter-se em casa.
Como parte das políticas de distanciamento social, muitas cidades brasileiras reorganizaram e reduziram sua frota em diversos modais. Mas essas alterações uniformes não atenderam a maneira heterogênea com que se deu a variação de demanda. Em outras palavras: diminuir onde a necessidade de deslocamento se manteve alta causou mais aglomerações do que evitou.
"Grande parte das linhas de ônibus que tiveram aumento da demanda durante a pandemia estão na periferia de São Paulo. Contudo, apesar das mudanças operacionais realizadas, essa variação não foi acompanhada pelo aumento regular da oferta na mesma proporção e parece não ter levado em conta o novo patamar de lotação admissível em uma situação de pandemia. Ou seja, além de não reduzirem a lotação observada nos anos anteriores, no sentido de diminuir a exposição e contaminação nos trajetos, geraram condições ainda piores do que antes da pandemia", diz o estudo, que criou mapas mostrando como se deu a variação de demanda.
Para corrigir isso, a nota técnica aponta sugestões operacionais de execução simples e impacto importante. Além de aumentar o número de veículos nos trechos de maior lotação, já mapeados, o estudo propõe a utilização simultânea de "veículos expressos e diretos entre grandes terminais e polos de origem e destino de viagens" para criar "pontos de alívio e reduzir os custos associados ao maior número de veículos em operação".
Outra ideia é o "reforço de linhas locais e capilares que conectam as diferentes áreas da cidade às linhas estruturais de transporte público de média e alta capacidade", para reduzir a pressão sobre o modal ônibus. Os mapas acima ilustram a simulação desses novos cenários proposta pelo estudo.
"Ajustes na distribuição devem ser feitos de modo a garantir níveis adequados de segurança sanitária no deslocamento de todos os trabalhadores enquanto durar a pandemia e da qualidade e conforto após esse período, particularmente daqueles com maiores tempos de deslocamento e dependência do transporte público", afirma o documento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.