Especialistas defendem união de setores contra poluição de oceanos
Ao longo de três seminários com abordagens específicas e distintas sobre a poluição dos oceanos, alguns temas permaneceram centrais a todas as questões. Em especial, a necessidade de haver um trabalho conjunto de todos os setores da sociedade, uma "orquestração", para usar a expressão do debatedor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico. E também a necessidade da ampla informação, comunicação e educação. Um ou outro, sozinho, não funciona. Parte do evento "Oceano sustentável - uma onda global de mobilização", do Pacto Global da ONU, três webinares debateram aspectos específicos da luta em defesa dos oceanos nesta semana.
"A informação não é suficiente para a mudança de atitude. É importante, mas não basta", diz Turra, que participou do webinar Plásticos no Oceano: Como Combater esta Contaminação?. "Ela tem suas limitações. Basta ver o cigarro, que todo mundo sabe que faz mal, tem a informação, mas muita gente ainda começa a fumar", afirma. A solução seria criar comunicar também em outros formatos e perspectivas. "Temos que trabalhar emoção e vontade. Ter cada vez mais matérias diferentes, complementares, instigantes. E também trabalhar as coisas com um pouco de leveza, alegria e prazer em buscar essas conexões com os diversos setores".
Por isso, o ator Mateus Solano resolveu se dedicar a atuar como uma ponte entre a informação e a sociedade. Defensor da campanha Mares Limpos e da implementação dos ODS da ONU, acha "importante que os artistas e demais pessoas de visibilidade, pessoas que o povo gosta de ouvir, se engajem na questão ambiental, para ser uma ponte com quem nem está pensando nisso, que está automatizado numa forma de viver sem nem saber que ela é nefasta".
Mas não é fácil. A doutora em Oceanografia Jana del Favero, como Solano, participou da mesa "Inovação e Sustentabilidade". Como divulgadora científica, ela produz, desde 2015, o blog Bate-Papo com Netuno. "Sofremos muito com falta de financiamento", diz. "Hoje, nossa equipe é de 20 pessoas e todos são voluntários". A falta de valorização do trabalho de divulgação científica, segundo ela, não é apenas financeira. "Infelizmente, para muitos concursos públicos ou mesmo para progressão de carreira de professor, o fato de você ter uma página ou realizar atividades de extensão fora do ambiente virtual conta muito pouco. Então a gente se dedica, gasta muitas horas, sem nenhum retorno".
Abraçar o problema
Os navegadores Amir Klink e Vilfred Schürmann fizeram relatos de encontros insólitos e assustadores com resíduos sólidos em suas viagens. Desde garrafas que navegam por dez mil quilômetros a praias de areias verde e vermelha graças aos microplásticos, eles testemunham as mudanças - para pior - que o ambiente tem vivido nos últimos anos. Mas nenhum deles defende banimento do plástico ou demonização do material. Na verdade, mais uma vez, o que aparece como solução proposta é informação, educação e conhecimento para lidar com esses resíduos.
"O plástico é um material incrível, sensacional, e não vamos nos livrar dele. Até porque ele não desaparece", diz Klink. "O que precisamos fazer é aprender a conviver, reintroduzir num ciclo circular, econômico, reutilizável indefinidamente. Quando a gente tem problema, a gente tem que abraçar o problema".
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