Na pandemia, projeção assume lugar do grafite como veículo de protesto
Não é de hoje que o desejo de transformação da sociedade tem sido estampado nos muros das cidades pelo mundo. Em maio de 1968, por exemplo, os parisienses viram surgir uma onda de pichações políticas que expressavam a necessidade de uma mudança inevitável para a época. Desde então sempre que o bicho pega as ruas falam por muita gente que não tem voz.
Em São Paulo e em diversas outras capitais brasileiras, as projeções assumiram o lugar do grafite como veículo de protesto, conscientização e engajamento durante a pandemia. Quando o modo de ver a vida adquire uma nova perspectiva, agora a partir de janelas e varandas, o trabalho de VJs, fotógrafos e outros artistas ganha ainda mais relevância.
Do alto do apartamento onde mora sozinho na Bela Vista, o fotógrafo paulistano Lucas Pacífico, 35 anos, iniciou uma série de projeções tendo a quarentena como tema. Em pouco mais de 100 dias, ele passou a escrever, projetar, fotografar e postar em seu perfil no Instagram em resposta à quantidade de pessoas nas ruas em um período em que deveríamos estar todos em isolamento. "De alguma maneira sentia que estava ajudando, mesmo que com um pequeno gesto", diz.
Ele se comprometeu, então, a pensar em uma frase diferente todos os dias, "para que pelo menos uma sensação de alento e sensibilidade fosse mais presente nesse período". "Foi um desafio escrever, mas gratificante ver o quanto conectou as pessoas mesmo em isolamento", conta. "Nos questionamos sobre muitas coisas e o objetivo era trazer essas perguntas à tona."
Os comentários dos seguidores do fotógrafo no Instagram dão uma dimensão do tipo de conexão que o trabalho dele tem provocado: "Muito obrigada por trazer poesia neste período tão difícil!". "Movimentou mentes e acalentou corações". "Espero que ao escrever e projetar as mensagens você tenha sentido o mesmo acalanto que sentimos".
Lucas concorda que a projeção teve uma função mais viável em tempos de isolamento social. "Não só por ser mais fácil de manusear, mas também uma forma de dentro de casa você poder 'gritar/falar' com o próximo", afirma. "Não sabemos como será a retomada da cultura e dos museus, por isso já temos de pensar em alternativas."
A série de postagens se encerrou no 108º dia, mas tudo está devidamente registrado na rede social. O Instagram, aliás, se tornou uma plataforma importante para a divulgação de muitas iniciativas na mesma linha Brasil afora:
Projecionistas livres
Desenvolvido por VJs como uma rede mundial de projecionistas livres que reúne cerca de 200 pessoas de diversas cidades, como Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Belém, o Projetemos foi criado em tempos de isolamento por causa do coronavírus. Esta espécie de guerrilha em forma de vídeo traz mensagens ora acolhedoras ora ácidas acerca da pandemia no país, inclusive questionando atitudes controversas do presidente da república.
Transmissão para o bem-estar
Sob a curadoria de Marília Pasculli, o SP_Urban Arte Conecta criou "uma ação independente e de guerrilha" para a quarentena com uma "Arte Transmissão" para proporcionar entretenimento e evocar emoções positivas em diversas regiões da capital paulista. Por meio de uma rede de colaboração online, artistas, ilustradores e entusiastas foram convidados a enviar obras em vídeo de curta duração que expressassem sentimentos de união, empatia, gratidão e humor.
Participe da campanha #MudaQueEcoa e compartilhe as mudanças positivas que adotou durante a quarentena e vai manter no futuro!
Basta compartilhar um vídeo de até 30 segundos via Stories do Instagram contando qual foi a mudança adotada no período que pretender manter pós-quarenta e convidar três pessoas para compartilharem as suas histórias. Não se esqueça de usar a #MudaQueEcoa e marcar o @Ecoa_UOL, além dos amigos escolhidos.
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