Mulheres latino-americanas se unem em projeto para melhorar saúde feminina
Em seu livro "Mulheres que correm com os lobos", a analista junguiana Clarissa Pinkola Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos. Segundo ela, os ciclos naturais femininos foram transformados à força em ritmos artificiais para se adequar a uma sociedade cada vez mais opressora.
Em tempos de desconstrução de tantos condicionamentos culturais, a ancestralidade feminina volta a ganhar espaço em muitas frentes. Uma delas é o projeto Ginecosofia, que surgiu em 2009 no Chile a partir das investigações de Pabla San Martín acerca da violência obstétrica sofrida por muitas mulheres.
Ao reivindicar mais autonomia para as mulheres no momento de parir, Pabla percebeu a falta de material disponível e decidiu viajar pela América Latina para entender melhor a medicina dos povos tradicionais e, especialmente, os saberes compartilhados entre as mulheres. O resultado da pesquisa é uma série de publicações com o intuito de ampliar a visão sobre a saúde sexual feminina.
Atualmente o projeto atua por toda a América Latina e tem base no Chile, Brasil e Argentina. O braço editorial brasileiro, o Ginecosofia Brasil, é focado na produção de conteúdo independente sobre o tema.
"Nosso propósito é oferecer outras visões sobre o corpo, sobre a saúde e sobre as infinitas possibilidades de cura que existem à nossa disposição e que muitas vezes não acessamos", dizem as brasileiras, que têm em seu catálogo o "Manual de Introdução à Ginecologia Natural" traduzido para o português.
O capítulo VIII do livro, sobre ciclo menstrual, acaba de ser disponibilizado online para download gratuito. O material, traduzido, pode ser baixado na seção "Recursos" do site oficial das hermanas chilenas.
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