"Sustentabilidade é um imperativo do negócio", diz presidente da Microsoft
"A palavra do ano é intencionalidade. Temos de ser intencionais. Temos de educar as pessoas, o público interno e externo, para mostrar que sustentabilidade e crescimento econômico são complementares." Este foi o recado da presidente da Microsoft no Brasil, Tania Cosentino, durante live na manhã de hoje (13), promovida pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU e transmitida por Ecoa.
A conversa partiu do resultado de uma pesquisa global feita pelas Nações Unidas e a consultoria Russell Reynolds Associates que mapeou 55 executivos de grandes empresas com atuação modelo em sustentabilidade. A ideia é traçar o perfil e as habilidades desses CEOs e membros de conselho para acelerar o desenvolvimento de novas lideranças sustentáveis.
Segundo a diretora-executiva da Russell Reynolds no Brasil, Mariane Montana, é possível definir uma série de padrões. "Chegamos a algumas características comuns: todos têm uma mentalidade sustentável, mas isso não é suficiente. São líderes inclusivos, que incluem os stakeholders na mesa para a tomada de decisão; trazem pontos de vista diferentes, são inovadores e disruptivos", afirmou.
Exemplo de liderança pela sustentabilidade, Tania Cosentino recebeu prêmio da ONU em 2017 como pioneira nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ela contou que ao chegar a Microsoft a sustentabilidade foi seu foco inicial. "Minha primeira pergunta foi: quais ODSs a gente impacta?", e, após ouvir a resposta de apenas dois, detalhou como outros objetivos também faziam parte da cadeia de impacto da empresa. "[Tem de fazer] discussão internamento de como se conecta as ODSs ao negócio. Quando se faz isso, deixar de ser um apêndice, que é o que vai ser cortado quando tiver um crise. A sustentabilidade é um imperativo do negócio. Quando faz isso, tudo fica mais fácil", afirmou.
Outro convidado que compartilhou suas experiências como líder sustentável foi Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee. Ele reforçou a necessidade de se discutir o tema e conscientizar não apenas as empresas, mas também os consumidores, para que exigem mudanças e exerçam o poder de escolha.
"O desafio é conscientizar o consumidor, como gastar o dinheiro tem poder enorme. O setor não vai mudar com a velocidade que precisa se o consumidor não mudar as suas escolhas. Será que quero coisas descartáveis? Se fazer essa pergunta é importante. Quando vai comprar uma camiseta ou calça jeans, ele tem a noção que a indústria têxtil é a segunda mais poluente?", disse Weege. Segundo ele, estudos apontam que as pessoas não usam 70% das roupas de seu guarda-roupa ao longo do ano. Outro dado relevante trazido pelo executivo é o descarte de peças. "Pré-fast fashion, a média eram 15 a 20 usos por peça, agora é 7. É um absurdo", afirmou.
Cosentino lembrou também como a desigualdade, agravada durante a pandemia, tira de milhões de pessoas esse poder de fazer escolhas e consumir. "A gente precisa falar mais, educar mais, praticar mais a sustentabilidade. E ter um olhar intencional de reduzir essas desigualdades", disse. Ela ainda citou o livro "O fim da pobreza", de Jeffrey Sachs, em que reúne uma série de ações que poderiam ser tomadas para de fato erradicar a extrema pobreza no mundo. "Temos todas as ferramentas para fazer, tem de colocar a mão na massa e fazer acontecer."
Caminho para integrar sustentabilidade aos negócios
O estudo publicado pelo Pacto Global e a Russell Reynolds traz ser necessário que as empresas atuem em quatro medidas para a inclusão real da sustentabilidade no negócio. São elas: seleção de seus líderes, planejamento sucessório da organização, forma de remunerar com metas claras e desenvolvimento de talentos.
A estratégia é corroborada pela experiência de Cosentino e Weege. Na Microsoft, por exemplo, a executiva trabalha não apenas com bônus do resultado financeiro. "Parte [do bônus] é como impacto os outros e como sou impactado pelos outros. Entram aí esses atributos de sustentabilidade, diversidade e inclusão", contou Tania Cosentino.
Já Guilherme Weege reforçou a necessidade de um alinhamento com os valores do Grupo Malwee. "Temos multiplicador e deflator no bônus. Avaliamos as pessoas pela adesão aos valores, que é quebrado em 10 comportamentos. Pode multiplicar o bônus em 1,2X ou as piores notas nesses valores são um deflator. Sente no bolso se está mais ou menos aderente aos valores", disse. Ele afirmou ainda que as demissões não acontecem por performance, mas por valores.
"A gente busca ter abertura ao novo, que sejam curiosas, tenham visão de inovação. Tem de pensar diferente para a gente conseguir mudar o cenário. [Levando em conta] quão poluente o nosso setor é, é preciso de gente que tenha esse comportamento para conseguir buscar respostas diferentes", disse.
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