Como o setor privado pode contribuir de fato para uma Amazônia sustentável?
Há um ano, na ONU, a iniciativa de diversos representantes do setor privado da sociedade civil lançava o desafio Amazônia Possível. Agora entregam um primeiro fruto desse movimento: "10 Princípios Empresariais para uma Amazônia Sustentável". O documento pretende ser um norteador para empresas que desejam operar de forma mais sustentável na região.
"O guia vem para ajudar. Tem a possibilidade de ser uma iniciativa que não tem o papel de ser 'mais uma', mas, sim, de ajudar as outras", diz Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, colunista de Ecoa e um dos debatedores do webinar de lançamento do documento, transmitido ontem (4) pelo UOL. Isso porque o trabalho aglutina boas iniciativas, e fornece elementos como recursos para mapeamento de indicadores que as empresas poderiam monitorar, por exemplo.
"A gente acredita que a preservação da Amazônia está intrinsecamente ligada a uma produção sustentável aqui no Brasil. E sabemos que uma maior atuação do setor empresarial nessa agenda é indispensável", diz Carlo Pereira, diretor-executivo do Pacto Global.
Provocados pela mediadora Chiara Gadaleta, os representantes das empresas aderentes ao movimento falaram sobre como produzir mantendo a floresta em pé. Os convidados, de maneira feral, não relativizaram a questão. Pelo contrário: na visão de Denise Hills, diretora de sustentabilidade da Natura, é exatamente a floresta em pé que garante a produção.
"Não existe mais uma dissociação de natureza, sociedade e empresas. A gente tem buscado há quase uma década fazer uma bioeconomia da floresta em pé com um programa na Natura chamado programa Amazônia, reconhecendo e remunerando o conhecimento local", diz. "Mais do que um momento, vivemos uma possibilidade real, baseada em ciência, baseada em pesquisa, baseada em articulação, e baseada em conhecimento. É na preservação que a gente vai encontrar essa bioeconomia de impacto positivo e regeneração".
O cientista Carlos Nobre concorda. "Temos que nos tornar uma potência ambiental da sociobiodiversidade. Em todos os seus biomas, o Brasil é o campeão de diversidade", diz. Ele acredita que, mais do que disputar a liderança em mercados onde os países desenvolvidos têm excelência, o país deve desenvolver a área onde pode ser ele mesmo o líder. "Nessa podemos nos tornar a 1ª potência. Considerando nossa biodiversidade hoje, não chega a 0,3% do PIB. O Brasil tem 5 mil frutas. Quantas encontramos no supermercado? 20".
Nobre traz ainda uma cobrança ao setor privado. "O setor privado brasileiro investe menos de 0,2% do PIB em inovação e conhecimento", diz. "Na Coreia, isso chega a 3%. Produtos inovadores pelo mundo, entre o laboratório e o mercado, têm entre 80% e 85% de seu desenvolvimento financiados pelo setor privado. Mas isso não acontece no Brasil."
Afinal, quais são os 10 princípios?
- Eliminar desmatamento da cadeia de produção
- Promover mitigação e adaptação às mudanças climáticas
- Promover uso sustentável dos recursos da natureza
- Respeitar os direitos humanos
- Assegurar direitos trabalhistas
- Garantir o comércio justo
- Fortalecer comunidades e fornecedores locais
- Investir em pesquisa e fomentar a bioeconomia de floresta em pé
- Estabelecer diálogo multissetorial
- Garantir a rastreabilidade de toda a cadeia
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.