Brasileiro que mora na Suécia cria rede para distribuir comida na pandemia
Nascido e criado em João Dourado, no sertão baiano, João Paulo Souza da Silva, 32 anos, saiu de casa sozinho aos 10 e foi até uma escola em Feira de Santana pedir para estudar. Alguns anos e muitos livros depois, conheceu uma sueca que se tornaria sua namorada e o levaria para a Europa.
Quando a crise chegou à Suécia, com a pandemia de coronavírus, João decidiu se mobilizar para distribuir comida em Estocolmo e acabou criando uma rede que ajuda pessoas no mundo todo. Em março, começava a tomar forma o grupo "Comida para todos" (alla ska få mat) no Facebook, que cresceu rapidamente. Por meio da rede social, João passou a perguntar às pessoas se precisavam de ajuda e a oferecer auxílio a idosos que não podiam ir às compras. "Na mesma semana começamos a cozinhar", conta.
"No início eu cozinhava três vezes na semana. Saía de bicicleta por algumas partes de Estocolmo e distribuía comida para os moradores de rua. Os membros do grupo, que hoje tem 2400 membros de diferentes nacionalidades, arrecadam dinheiro e eu envio uma parte para os necessitados por meio do Swish, sistema de pagamento eletrônico", diz.
Deixei meus estudos e o meu trabalho fixo de cozinheiro e não me arrependo. Encontrei o real sentido na vida
João Paulo Souza da Silva, cozinheiro brasileiro que mora em Estocolmo
Outra parte do dinheiro arrecadado é usada para a distribuição de cestas básicas e produtos de higiene, máscaras e álcool em gel para pessoas em situação de vulnerabilidade. "Fazemos também a distribuição de roupas para quem precisa e ajudamos 48 famílias no Brasil com cestas básicas. Agora cozinhamos uma vez por semana, de 100 a 120 marmitas."
A primeira cozinha foi montada em Södermalm, bairro jovem no sul da capital sueca, em um restaurante onde João Paulo havia trabalhado anteriormente. Algumas empresas contribuem com embalagens descartáveis. Agora eles preparam comida onde há disponibilidade, mas ele espera tornar a atividade mais permanente, mesmo depois da pandemia. "Quero encontrar um local mais amplo para receber os sem-teto para um café, almoço, distribuir roupas de inverno etc", diz.
"Já faz nove meses que eu trabalho com isso voluntariamente. Deixei meus estudos e o meu trabalho fixo de cozinheiro e não me arrependo. Encontrei o real sentido na vida. Ser feliz é ver o próximo bem."
Diferentemente do que muita gente pode pensar, existe preconceito na Suécia, mas João considera que ainda é menor do que no Brasil. "Aqui me consideram exótico. Mas fiz muitos amigos na cena da música techno, da qual sou fã, e as pessoas são mais abertas e sensíveis. Elas se tornaram minhas amigas e foi isso o que me fez ficar no país."
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