Robô para ajudar agricultura familiar com plantio dá prêmio a alunos do CE
Os morcegos são grandes aliados do equilíbrio do planeta, graças à grande capacidade de polinização e disseminação de sementes, eles têm ajudado a recuperar florestas. Bem diferente das representações cinematográficas que costumam pintá-los de forma negativa.
Em 2009, por exemplo, os mamíferos voadores foram usados para recuperar pedaços da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica em uma iniciativa liderada por pesquisadores da UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Não à toa, quando alunos da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Edson Queiroz, localizada em Cascavel (CE), criaram um robô para ajudar no plantio de agricultura familiar da região, escolheram dar ao projeto o nome do animal em latim: Vespertílio 01.
A ideia de criá-lo surgiu quando Ud Madeiro Pereira estava na aula de geografia estudando sobre Revolução Verde — quando, na década de 1960, países passaram a utilizar novas tecnologias para aumentar a produção de alimentos na tentativa de combater a fome. Logo, ele se questionou sobre qual seria, então, a solução tecnológica de baixo custo disponível para atender o pequeno produtor agrícola.
Em Cascavel, apesar da grande quantidade de agricultores, são poucos os que conseguem dinheiro para comprar o maquinário necessário para facilitar o trabalho braçal, que se estabelece com a aragem da terra, abertura do solo, plantação da semente e, por fim, o fechamento da vala — e aí entra a ação do robô, que faz todas essas etapas sozinho.
"As pessoas que eu vejo trabalhando arduamente do nascer ao pôr do sol? Qual maquinário elas têm? Nenhum! Um trator de médio porte, por exemplo, custa no mínimo R$ 40 mil. Para alugar, a hora fica por R$ 70."
Assim, compartilhou o desejo de fazer algo sobre com duas colegas, Jamilly Félix Lima e Anna Beatriz Santos Fonseca, que o auxiliaram na parte da pesquisa e busca por ajuda para colocar o Vespertílio 01 no mundo. Na quinta-feira (19), a ideia foi a vencedora nacional do prêmio Respostas para o Amanhã, promovido pela Samsung.
Ao todo, foram 303 escolas públicas inscritas, um total de 1.749 estudantes pensando em soluções para áreas como educação, infraestrutura urbana ou rural e saúde.
"Ele trouxe realmente uma relevância científica, social, ambiental e econômica. Eles trouxeram uma problemática relacionada a uma questão local que afeta a qualidade de vida dos agricultores. O protótipo, no estágio que se encontra, com toda complexidade que envolve, já apresenta bons atributos de funcionalidade. A viabilidade é um fator importante que se considera no momento de análise," comenta Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung ao explicar os critérios utilizados pela escolha do projeto como vencedor.
Para os estudantes, então, o baixo custo para produzir o robô era a exigência. Por isso, foram de porta em porta, de oficina mecânica a oficina mecânica, e até a empresas de engenharia para pedir peças e materiais recicláveis para a produção do Vespertílio.
"Fomos estudando como seria a parte de mecânica, o que precisávamos para construir, passamos a coletar materiais como canos, peças de moto velha... Também medimos a terra, fomos a campo falar com os agricultores para saber sobre as sementes utilizadas no plantio...", relata a professora Thayane Rabelo Braga Farias, responsável por orientar os jovens durante o projeto. Os primeiros testes do protótipo foram no plantio de feijão de um agricultor amigo.
Mentorias técnicas também foram oferecidas pela Samsung, que proporcionou aos 10 finalistas da premiação cursos online com especialistas na área da tecnologia para aprenderem a melhor forma de colocar a ideia em prática e apresentá-la tanto para a banca julgadora da premiação quanto para possíveis financiadores do projeto.
Essa, na verdade, é a segunda versão do protótipo. Na primeira tentativa, utilizaram metalon, que são tubos de aço. Mas não deu certo, o Vespertílio acabou entortando. A segunda é o protótipo que eles hoje têm em mãos.
Feito de sucata de moto, bateria de notebook e motor de vidro elétrico de carro, o robô funciona com auxílio de uma pequena placa de energia solar instalada no topo da máquina. Tem cerca de nove mil horas de vida útil, e a estimativa é de que o Vespertílio 01 seja 98% mais econômico que o maquinário hoje utilizado no campo.
Foi Ud quem botou a mão na massa para construí-lo. Filho de pai artista plástico, o menino sempre esteve em contato com ferramentas. Desde os três anos brinca com peças, assim aprendeu a realizar trabalhos de serralheria, elétrica e mecânica.
"Eu quis fazer esse projeto porque vi a necessidade ao meu redor. Aqui em Cascavel tem muitos pequenos produtores de milho, feijão, batata? E aí eu pensava: qual apoio essas pessoas têm? Como elas vão conseguir comprar algo que facilite o trabalho delas? Ninguém nunca pensou em ajudá-los a ter, inclusive, menos desgaste físico. Por isso, o próximo passo é conseguir produzir mais Vespertílios para fornecer para cooperativas de agricultores familiares para que eles possam produzir de forma escalonada," diz o estudante.
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