Escola de inglês tem aula acessível com professores nativos nas periferias
Estudar inglês pode ser uma realidade distante para pessoas periféricas, e Gustavo Fuga, 28, entende muito bem isso. Ele nasceu na periferia do Rio de Janeiro e nunca havia estudado a língua estrangeira. Quando se mudou para São Paulo para cursar economia na Universidade de São Paulo, sentiu a necessidade de saber o idioma para acompanhar o material didático.
Durante a faculdade, começou a hospedar alguns estrangeiros em sua casa e a convivência o ajudou a começar a falar inglês. Essa vivência inspirou o jovem economista a criar uma startup que oferece curso de inglês com professores estrangeiros a preços acessíveis.
"Eu refleti e cheguei a conclusão que da mesma forma que esse convívio com nativos me ajudou, também poderia dar certo com outras pessoas. Percebi também que existe um número muito grande de estrangeiros que querem vir morar no Brasil. A jogada foi trazer essas pessoas para dar aula e montar uma escola cobrando o menor preço do país, que custe no máximo 10% de um salário mínimo" explica Fuga.
Apesar da falta de dinheiro e experiência naquela época, ele acreditou na ideia e fundou a 4YOU2. A primeira unidade foi no Capão Redondo, depois no Campo Limpo, Jardim Ângela e hoje já tem mais de 13 escolas espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, além de outras unidades em construção.
Todos os professores são estrangeiros. A maioria já é graduada e está cursando mestrado. A startup cria uma estrutura para oferecer um intercâmbio para eles. A experiência pode durar de 6 meses a 2 anos. Gustavo conta que oferece o intercâmbio e não cobra por isso, pelo contrário, paga para a pessoa que vier. Ele deixa bem claro que não é uma oportunidade para ficar rico, é uma experiência.
Chris Krentz é professor líder da unidade Capão Redondo e chama atenção para alguns pontos do projeto. "Nós fazemos uma pós-graduação como parte do programa e temos aulas de português. Mas para chegar até aqui, passamos por um processo seletivo muito rigoroso, que consiste em várias etapas. Depois de aprovados, passamos por um treinamento intenso para entender a metodologia e só depois vamos para a sala de aula" conta.
Ele veio do Canadá e está no Brasil há pouco mais de dois anos. Em seu país de origem, formou-se em literatura inglesa e se especializou no ensino do inglês como segunda língua. Chris mora no Capão Redondo e ama viver no país. "A minha experiência na 4YOU2 tem sido ótima! Os alunos têm muita motivação e sempre agradecem muito pelas aulas. É muito importante a missão de democratizar o ensino de inglês no país".
De acordo com um levantamento feito pela British Council, apenas 5% dos brasileiros falam inglês e dentro dessa porcentagem, 1% da população é fluente. "Quem fala inglês no Brasil, são os filhos de pessoas que já falavam a língua. Só porque eu nasci em um lugar em que a expectativa de vida é muito menor do que no bairro da frente, que eu não posso ter acesso a cultura e a conhecer pessoas de países diferentes", destaca Gustavo.
Carine Gonçalves cursou psicologia no UNASP, no campus do Capão Redondo. Ela estudava e trabalhava na universidade para pagar parte da mensalidade e o seu pai pagava o restante. Sempre teve o desejo de falar inglês e conhecer o mundo, mas existiam barreiras sociais que a impediam. Um dia ela encontrou um folhetinho no chão, que dizia: "aprenda inglês com professores nativos por R$ 50 mensal". Apesar da empolgação, não tinha como pagar, mas conseguiu uma bolsa de estudo.
"Ter aulas com professores estrangeiros é uma experiência única. Muitos deles ainda estão aprendendo o português, então, é uma imersão dos dois lados. É como se fosse um intercâmbio na sala de aula. E o benefício disso, não é somente o inglês em si, mas todo o aprendizado em relação a outras culturas, formas de pensar e ver o mundo" conta Carina.
Em 2016, ela recebeu uma proposta para trabalhar por seis meses nos EUA e como falava inglês, aceitou. Nesse meio tempo conheceu seu marido e hoje mora no país. "Um dos meus grandes sonhos era levar a 4you2 para outras pessoas e hoje eu sou uma das franqueadas. Junto com a minha sócia, vamos abrir a primeira unidade em Salvador. É uma realização enorme! Nunca imaginei que aquela menina que tinha que ir andando pra escola de inglês, porque não tinha o dinheiro da passagem, hoje estaria espalhando essa oportunidade para outras pessoas" relata.
Para manter uma mensalidade acessível, a startup usa como estratégia a tecnologia. Dessa forma, é possível cortar processos ineficientes para diminuir gastos e proporcionar ao aluno um ensino acessível e de qualidade. Gustavo diz que nenhum integrante da equipe é voluntário. Todos recebem um salário compatível ao mercado.
Os professores são colombianos, africanos, britânicos e de diversas regiões do mundo. Os alunos têm a oportunidade de aprender vários sotaques diferentes, além de uma bagagem multicultural. A cada semestre, eles têm contato com alguém de um país diferente.
Não existe nenhum pré-requisito para ingressar na 4you2. É só acessar o site e encontrar a unidade mais próxima.
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