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O que são empregos verdes? Economia ambiental pode gerar milhões de vagas

Um homem africano (segundo banco de imagens) instalando painéis solares - iStock
Um homem africano (segundo banco de imagens) instalando painéis solares Imagem: iStock

Marcos Candido

De Ecoa, em São Paulo

15/12/2020 04h00

Segundo a ONU, os chamados "empregos verdes" serão fundamentais para construir o novo modelo de economia sustentável. A preservação do meio ambiente dá dinheiro, diminui o desemprego e é essencial para garantir bem-estar no presente e no futuro. Mais que o bem-estar ela é fundamental para garantir nossa existência neste planetinha azul.

Mas, afinal, o que de fato é um "emprego verde"?

O que é um emprego verde?

Os empregos verdes são aqueles que reduzem as emissões de carbono lançado na atmosfera e trabalham de forma sustentável. Isto é, produzem ou prestam serviços que ajudam no combate ao aquecimento global e na preservação do meio ambiente.

Em quais áreas estão os empregos verdes?

Os empregos verdes estão nas áreas agrícolas, industriais, de serviços e administrativos que contribuem para preservar e restaurar o meio ambiente. Um empregado verde pode ser quem estuda como reduzir as emissões de gases do efeito estufa em veículos, por exemplo. Outros exemplos são a área de energia, construção civil, saneamento e até a venda de produtos com selos de responsabilidade ambiental.

Ok, mas ainda está muito vago. Quais são exemplos de empregos verdes?

Segundo a ONU, há dezenas de empregos verdes em diversas áreas. No Brasil já existem cerca de 3 milhões de trabalhadores verdes. A organização estima que muitos ainda serão criados. Alguns deles são:

Transportes. Quem pesquisa, investe ou trabalha para produzir veículos elétricos, com menor consumo de combustível, híbridos, com incentivo ao transporte compartilhado (como caronas, por exemplo), em transporte coletivo com energia limpa ou quem reduz distâncias entre setores logísticos para emitir menos poluição. Por exemplo, aproximar o pátio de uma indústria e seu fornecedor para ter menos caminhões circulando.

Construção civil. Quem pesquisa, investe ou trabalha para produzir iluminação, aparelhos e equipamentos de escritório que diminuam o consumo de energia elétrica; edifício verdes (com mais janelas e ventilados para evitar, assim, o uso excessivo de calefação ou ar-condicionado, por exemplo); retrofit de iluminação e energia solar e edificações com emissões zero de carbono.

Varejo. Quem pesquisa, investe ou trabalha para criar produtos com selos ecológicos. Quem vende e cria produtos de origem conhecida, sustentável e orgânica também entra na lista.

Agricultura. Quem pesquisa, investe ou trabalha na conservação do solo, na redução do uso de água, em métodos de cultivo orgânico e no transporte sustentável entre o mercado e as fazendas.

Preservação direta. Quem pesquisa, investe ou trabalha em projetos de reflorestamento, florestamento, gestão sustentável de áreas verdes, certificação de empresas que reduzem desmatamento.

Manufatura. Quem pesquisa, investe ou trabalha na produção de filtros e outras tecnologias para controlar a poluição, eficiência energética e na criação de materiais técnicas de produção limpa (como manejo de resíduos tóxicos para o meio ambiente, por exemplo).

Setor energético. Quem pesquisa, investe ou trabalha na área de energias renováveis (eólica, solar, biocombustíveis, geotérmica, hidrelétricas) e na reversão de técnicas para a geração de energia elétrica a partir da queima de carvão.

Reciclagem. Quem pesquisa, investe ou trabalha na área de reciclagem, como recolhedores, gestores de materiais recicláveis, e técnicas de durabilidade de produtos.

Qual origem do termo "emprego verde"?

O termo "emprego verde"foi elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). As duas agências integram à ONU (Organização das Nações Unidas). Foi criado em 2009 com o estudo "Empregos Verdes: trabalho decente em mundo sustentável e com baixas emissões de carbono". A pesquisa é também a origem das informações contidas neste guia "Destretando" que Ecoa criou para você.

Quantos empregos podem ser criados na nova economia verde?

Até 2030, a ONU estima que 18 milhões de empregos verdes serão criados em todo o planeta. Cerca de 15 milhões só na América Latina e Caribe. Neste cenário, o Brasil teria quase a metade das vagas, cerca de 7,1 milhões, seguido pelo México, com 2,1 milhões de empregos. A organização estima que 7,5 milhões de empregos em áreas ligadas à mineração, pecuária e combustíveis fósseis poderiam desaparecer devido às novas vagas, mas seriam criados outros 22,5 milhões de empregos na agricultura, energia renovável, construção, manufatura e silvicultura.

Por que os empregos verdes são tão importantes?

A ONU estima que 1,2 bilhão de empregos no mundo dependem de recursos diretos da natureza (como pesca, mineração, etc.). Em dez anos, a organização calcula que 72 milhões de empregos serão perdidos no mundo devido às mudanças climáticas — com o esgotamento de recursos naturais, por exemplo, ou calor tão intenso que seque rios ou torne impossível o trabalho em determinadas regiões.). Até 2050, a Organização Internacional do Trabalho estima que a América Latina e o Caribe perderão 100 bilhões de dólares anuais devido às mudanças climáticas.

Países como o Brasil, Alemanha e França estão comprometidos com o Acordo de Paris e deverão criar empregos verdes se quiserem atingir a meta de evitar o aumento de 2ºC na temperatura global. Os empregos verdes também são uma saída para evitar as mudanças causadas pela crise climática.

Além disso, serão necessários para possíveis investimentos diretos contra desastres naturais e ambientais, uma opção para trabalhadores em postos que deverão sumir no futuro devido à automatização do trabalho e durante a transição a uma economia sustentável.