Bosques da Memória planta 200 mil árvores em homenagem a vítimas da Covid
Na semana em que o Brasil chega à marca de 200 mil mortos pela Covid-19, uma campanha nacional de plantio de árvores tem trazido alento aos parentes das vítimas e está ajudando a restaurar áreas de Mata Atlântica nos estados brasileiros em que o bioma está ameaçado.
Criado por três redes de ONGs, o programa Bosques da Memória tem a meta de plantar 200 mil árvores até a metade deste ano em várias partes do país, como o bosque no município de Presidente Epitácio, no interior de São Paulo, onde a Apoena (Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar) está plantando duas mil mudas.
Uma delas é uma figueira plantada em homenagem a Elvira Cerina da Luz, que morreu no ano passado vítima da Covid-19. Seu genro, o operador de máquina Renato Ribeiro Oliveira, é voluntário da Apoena e sugeriu à esposa fazer parte de uma cerimônia com a presença de outros parentes de vítimas da pandemia.
"Realizamos o plantio da árvore em um encontro com poucas pessoas que também tinham perdido entes queridos", conta Renato. Foi uma forma de nos sentirmos confortados."
Foi um momento magnífico, que amenizou o sofrimento. É reconfortante saber que, mesmo diante das adversidades, estas árvores vão crescer
Renato Ribeiro Oliveira, que plantou uma árvore em homenagem à sogra
"O objetivo da campanha é homenagear as vítimas da Covid-19 e agradecer os profissionais de saúde que têm trabalhado todo esse tempo, dentro do conceito de reverenciar, reconectar e restaurar. Isso pode ter vários significados, como restaurar o meio ambiente e reconectar com a natureza. Essa característica fez com que muita gente aderisse ao projeto", diz Djalma Weffort, presidente da Apoena.
A plataforma é mantida pelas redes Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e a Rede de ONGs da Mata Atlântica, que reúne 280 organizações que trabalham com conservação. O programa também dá início à Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, declarada pela ONU.
Amor à vida
"Plantar árvores nativas é um ato genuíno de amor à vida, que traz felicidade para quem planta. É uma das formas mais gratificantes de se prestar homenagens a pessoas queridas que fizeram sua passagem", opina Miriam Prochnow, vice-presidente da Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida), organização sem fins lucrativos que atua no município de Atalanta, em Santa Catarina, e realizou recentemente o plantio de 80 mudas no projeto Bosques da Memória.
"Esse gesto tem um significado especial porque através da árvore plantada, que vai crescer e se estabelecer na paisagem, ficará para sempre a lembrança", completa Miriam.
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