Filme exibido na TV aberta reúne mulheres que lutam por equidade de gênero
Equidade de gênero é um tema que desperta cada vez mais discussão, mas isso ainda não se reflete na prática. Em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, atingimos a menor participação feminina no mercado de trabalho em 30 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já um estudo de 2019 do Fórum Econômico Mundial estima que serão necessários mais de 250 anos para atingirmos a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho no mundo.
A boa notícia é que há muita gente lutando para reverter isso no Brasil. Mulheres como a deputada Tabata Amaral, a filósofa Djamila Ribeiro, a jogadora de futebol Cristiane Rozeira, a diarista Carla Dias e Maite Schneider, fundadora da TransEmpregos, são retratadas no documentário "Como Ela Faz?", que será exibido no dia 7 de março na TV Cultura, às 23h, e no dia 8 de março no canal GNT e no Globoplay.
"Não fui eu que escolhi falar de gênero, mas me senti escolhida quando recebi o convite do produtor do filme, Sylvio Rocha", conta a diretora, Tatiana Villela. "Refletir sobre essas questões, nos aprofundar, discutir, ouvir e nos perceber é fundamental para a possibilidade de transformação. Mas durante a pesquisa do projeto, e a primeira entrevista com uma especialista, eu entendi que num país racista como o nosso não seria possível falar de gênero sem falar de raça e etnia. Então atualmente falo que o filme discute a equidade de gênero e raça no mercado de trabalho."
Minha mãe falou 'filha, acho que se você fosse homem você estava rica'. Eu disse: 'Mãe, eu tenho certeza disso!'
Cristiane Rozeira, jogadora de futebol
A diretora conta que foram três anos de trabalho, desde a pesquisa das entrevistadas até a finalização do longa. "A maior riqueza está nas escolhas das personagens e das especialistas que iríamos filmar. Acho que foram escolhas muito sensíveis, vindas de uma pesquisa feita pela Camila Camargo, pois essas mulheres continuaram e continuam se destacando e transformando seus lugares de atuação de forma relevante."
Tatiana diz que passar meses dedicando-se ao projeto foi uma aula de feminismo, racismo e desigualdade. "Foi bastante desafiador perceber o meu lugar de privilégio, tentar me rever, me questionar, questionar meu ponto de vista, meu olhar. Entendi que seria fundamental ter uma codiretora negra, Day Rodrigues, que fosse minha parceira para encontrar esse caminho."
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