VP do Google: "Temos de garantir investimento em soluções para mulheres"
A norte-americana Jacquelline Fuller é vice-presidente do Google, mas seu dia a dia passa longe de decisões sobre quais serão as novidades das plataformas oferecidas pela empresa. Ela é responsável pelo Google.org, braço filantrópico da gigante de tech, com um orçamento anual de R$ 1,14 bilhão para investir em projetos de impacto social pelo mundo.
"As pessoas brincam que eu tenho o melhor emprego", disse Fuller durante conversa com Ecoa na semana passada. Seu principal desafio é escolher como usar esse monte de dinheiro. "Muitas vezes é difícil, porque você conhece pessoas fabulosas que estão fazendo um trabalho tão importante. Adoraria poder financiar e apoiar todo mundo."
Uma das ferramentas utilizadas pelo Google.org para definir como alocar recursos são desafios e chamadas abertas. Entre eles está o Desafio de Impacto Social para Mulheres e Meninas lançado globalmente hoje (8), Dia Internacional da Mulher, e que oferecerá R$ 142 milhões (US$ 25 mi) para apoiar organizações sem fins lucrativos e iniciativas que promovem o empoderamento econômico de mulheres e meninas. O valor destinado a cada projeto pode chegar a US$ 2 milhões, ou cerca de R$ 11 mi. Além de aporte financeiro, também é oferecida expertise dos funcionários Google, que trabalham como voluntários para viabilizar as ideias.
"Neste trabalho estamos olhando primeiramente para gênero, mas também é importante termos uma lente interseccional. Quando dizemos que queremos impulsionar mulheres e meninas, temos de garantir que estamos impulsionando as que estão mais vulneráveis, que fazem parte dos grupos mais marginalizados, que não tiveram o mesmo acesso a soluções e capital", afirmou a executiva.
Para isso, o desafio conta com um painel estrelado de especialistas que inclui a cantora colombiana Shakira e a atriz brasileira Taís Araújo; a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka; a primeira presidente da Irlanda, Mary Robinson; e a poeta Amanda Gorman, destaque na cerimônia de posse de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos.
Entre algumas das iniciativas apoiadas estão a TRANS-formAção, projeto brasileiro da Transempregos em parceria com as Mães pela Diversidade para capacitação online de pessoas transgênero para o mercado de trabalho, e a Aliança Nacional da Trabalhadoras Domésticas nos EUA, com trabalho voltado majoritariamente a mulheres latinas em situação de vulnerabilidade. Uma das parcerias das quais Jacquelline Fuller mais se orgulha é o Trevor Project, que ONG que oferece apoio telefônico e gratuito para jovens LGBTQIA+ com foco na prevenção de suicídio e chegou ao Google.org com o desafio de estar recebendo mais chamadas do que sua capacidade de atender. A parceria desenvolveu um algoritmo que pudesse identificar quais ligações eram mais críticas e deveriam ser atendidas com urgência.
Diversidade é um assunto sensível tanto no universo da tecnologia quanto no da filantropia, com sub-representação de mulheres em cargos de liderança. Fuller sabe disso e afirma procurar praticar o que seu trabalho prega. Ela lidera uma equipe relativamente pequena, de cerca de 40 pessoas. "Somos mais de um terço de pessoas não brancas. Temos diversas lideranças globais que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. E o meu grupo de líderes tem 50% de mulheres", disse. O número está bem acima dos 26,1% de mulheres em cargos de liderança no Google como um todo, segundo relatório da companhia.
Vemos apenas 1,5% da filantropia indo para causas voltadas especificamente para mulheres e meninas. Temos de garantir que estamos investindo mais em soluções desenhadas especificamente para elas. E para chegar lá precisamos ter mais mulheres em cargos de decisão e liderança dentro da filantropia.
Jacquelline Fuller, VP do Google e presidente do Google.org
A executiva não faz questão de ser um bom exemplo apenas na gestão de sua equipe ou nos projetos que financia, mas também em escolhas pessoais. A vice-presidente do Google vai para o trabalho de trem, porém o trajeto de sua casa na East Bay até o escritório em San Francisco está suspenso desde o começo do ano passado por causa da pandemia da covid-19.
"Ao escolher nossa casa dissemos: 'queremos estar perto de boas escolas públicas para nossas crianças e queremos estar perto de transporte público', justamente para deixar de lado o uso individual de carro", explicou.
Fuller lembrou o compromisso anunciado pelo Google em setembro de ter todas as suas operações totalmente livres do uso de combustíveis fósseis até 2030 - a empresa foi a primeira gigante da tecnologia a se comprometer neste sentido. "Tem de ser todo mundo junto. É o que o governo e as empresas podem fazer, e o que nós, indivíduos, podemos fazer com nossas escolhas."
As inscrições para o Desafio de Impacto Social para Mulheres e Meninas vão até 9 de abril. Para mais informações, acesse o site g.co/womenandgirlschallenge.
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