Elefante na Argentina quer deixar frustração para trás em vinda para Brasil
Um elefante chamado Tamy precisa sair da Argentina e ir até Mato Grosso viver, enfim, a vida que lhe foi negada. O destino dele é o Santuário Brasileiro de Elefantes, na Chapada dos Guimarães. A boa notícia é que qualquer um pode ajudá-lo a ter um endereço brasileiro.
Uma campanha pretende arrecadar dinheiro para ampliar uma instalação da reserva que irá recebê-lo no Brasil. Somente cerca de 30% da meta foi alcançada até agora. Qualquer pessoa pode doar a quantidade que quiser.
Nos próximos meses, o santuário pretende criar uma "corrida virtual" em que o dinheiro da inscrição será revertido para as instalações de Tamy. Os participantes enviarão um comprovante de medidor de corrida e quem correr no menor tempo receberá uma medalha.
Uma vida apertada
Aos 50, Tamy é considerado um elefante de meia-idade, já próximo da terceira idade.
Por aproximadamente uma década, o elefante asiático viveu de circo em circo. A vida cativa tirou seu passado e biólogos não sabem exatamente onde e como foi capturado, nem para quantos espetáculos foi escalado ainda filhote ou quais maus tratos pode ter sofrido. Após o circo, ele foi enviado a um zoológico em Mendoza, na Argentina, onde vive até hoje.
Lá, leva uma vida apertada. Os biólogos afirmam que Tamy é doce e gentil na maior parte do tempo, mas se sente frustrado por não ter espaço e atividades que incentivam o raciocínio e a criatividade.
Quem é Tamy?
No zoológico argentino, a única interação dele é com duas elefantas, Pocah e Guilhermina, separadas por um fosso.
Os elefantes são animais com intelecto complexo, que gostam de brincar e resolver desafios. Sem isso, costumam se estressar. Especialmente os machos. No passado, houve relatos de arremessos de pedras de Tamy contra seres humanos. As condições a que foi submetido o deixaram um "durão".
É comum que elefantes de cativeiro ou explorados em circos sejam tachados incorretamente, explica o biólogo Daniel Moura, do Santuário de Elefantes. Em setembro de 2020, a elefanta Bambi veio de Ribeirão Preto com fama de medrosa. Segundo o especialista, a elefanta logo se adaptou ao espaço maior, não se estranhou com a amiga Mara e hoje é considerada amigável. Por isso, é difícil estipular sobre a verdadeira personalidade de Tamy.
"É um elefante doce, mas é um produto do que a gente fez com ele a vida toda. Só vamos conseguir tirar a carapaça emocional dele quando estiver em um ambiente onde terá estímulo cognitivo e poderá viver como um elefante", explica o biólogo.
Quando vem Tamy?
Desde 2016, o Santuário de Elefantes Brasil recebe elefantes do Brasil e da América Latina. As duas primeiras foram Maia e Guida, seguida por Rana em 2018, Ramba e Lady em 2019. Bambi e Mara foram para o santuário no ano seguinte, em plena pandemia. Além de Tamy, no futuro virão Pocha, Guilhermina e Kenya, de Mendoza. De Buenos Aires virão as fêmeas Puppi e Kuki.
Não se sabe ao certo quando Tamy irá "desembarcar" no Brasil - o trajeto é feito todo por terra, em comboio. Assim que a papelada e as instalações estiverem concluídas, Tamy virá em um caminhão com uma estrutura de aço desenvolvida pelo santuário, com câmeras de segurança e uma abertura para a água e comida.
O transporte e a permanência deverão ser aprovados pelo órgão estadual ambiental do Mato Grosso e pelo Ibama. A viagem levará cerca de quatro dias e deve receber a escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O processo costuma levar cerca de seis meses a um ano.
De pronto, Tamy já terá 40 mil metros quadrados para se locomover. O espaço na Argentina é de cerca de mil metros quadrados. A área no Brasil irá crescer conforme a chegada de novos elefantes. "A ideia é oferecer cada vez mais vida livre", diz o biólogo.
Como ajudar Tamy
Para doar, basta acessar a página da campanha #VemTamy. É possível fazer uma única doação ou se cadastrar para fazer uma ajuda mensal ao santuário de elefantes. Com o dinheiro arracadado, o Santuário terá um recinto e um centro médico para recepcionar três machos asiáticos. (Quando adultos, machos e fêmeas não costumam interagir).
A Associação Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 2016. A ONG resgata elefantes, trata e oferece um espaço para que eles vivam em uma reserva e sem intervenção humana na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.
O destino do dinheiro, em detalhes, pode ser conferido na página da associação. Ao doar, sempre exija transparência.
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