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Grupo de mulheres distribui milhares de marmitas em Paraisópolis

Juliana Costa, cofundadora do Mãos de Maria, que entregou milhares de marmitas por dia de Paraisópolis - Arquivo Pessoal
Juliana Costa, cofundadora do Mãos de Maria, que entregou milhares de marmitas por dia de Paraisópolis Imagem: Arquivo Pessoal

Núbia Da Cruz

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

31/03/2021 06h00

Trinta e duas mulheres são responsáveis por alimentar milhares de pessoas por dia na segunda maior comunidade de São Paulo, Paraisópolis, durante a pandemia. A favela possui estimados 100 mil habitantes.

O projeto Mãos de Maria foi fundado em 2006 por Juliana Costa e Elizandra Cerqueira e começou com o objetivo de capacitar por meio da gastronomia mulheres em vulnerabilidade social e que sofriam violência doméstica: "entendemos que aquilo ali faria com que elas começassem a gerar renda localmente e que de alguma forma a independência financeira levaria a ter autonomia para vencer o ciclo de violência", diz Juliana.

A ideia evoluiu para um buffet, contratado por empresas para eventos, e um bistrô na laje da União de Moradores, com parte da renda utilizada para capacitar novas mulheres.

Porém, com o começo da pandemia, Juliana e Elizandra perceberam a falta de comida crescente na comunidade e, após uma reunião com o G10 das favelas — bloco de líderes e empreendedores de impacto de comunidades brasileiras —, resolveram entrar na linha de frente no combate à fome

Com doações de pessoas físicas e jurídicas e por meio de financiamento coletivo, mais de um milhão de marmitas foram distribuídas desde o dia 19 de março de 2020, sendo dez mil delas por dia. As "marias" conseguiram levar a ação para os estados do Recife, Belém, Brasília, Maranhão e Minas Gerais com apoio empresarial.

Com a queda nas doações, o grupo teve de reduzir a produção em 2021 para somente mil marmitas por dia, com uma restrição a duas marmitas para cada família. "A fome só está aumentando e minha fila não está diminuindo", diz Juliana, que chegou a contar com sessenta e duas mulheres empregadas no projeto.

Segundo ela, a maioria das pessoas em busca de comida são mulheres e crianças. "Nas periferias, o vírus vem com várias outras coisas, a situação da fome, da miséria, da falta de oportunidade. O vírus é apenas mais uma causa de morte na periferia", comenta.

Apesar disso, a empresária é otimista. As marmitas são entregues "sempre com uma mensagem de que isso vai passar, que a gente está junto nesta situação", diz.

"Não estamos fazendo só comida é um ato de amor, de solidariedade", finaliza

Ajude o projeto!

Você pode fazer doações para o Mãos de Maria e ajudar o projeto a alimentar mais famílias neste período de pandemia. Entrega de alimentos pode ser feita no Galpão Social da favela de Paraisópolis, aos cuidados do grupo Mãos de Maria. Para doações em dinheiro, acesse o financiamento coletivo.