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Iniciativas facilitam inclusão de crianças com deficiência em escolas

Carolina Videira criou a Turma do Jiló - Divulgação/Edição JI
Carolina Videira criou a Turma do Jiló
Imagem: Divulgação/Edição JI

Raphael Preto Pereira

Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP)

14/04/2021 06h00

"A escola se torna melhor ao incluir crianças com deficiência", acreditam 86% dos entrevistados da pesquisa divulgada pelo Datafolha e pelo Instituto Alana, em 2019. Apesar de a adoção de práticas inclusivas ser aprovada pela maioria da população brasileira, a formação de professores para trabalhar com pessoas com deficiência segue sendo uma barreira.

Em 2020, o relatório global de monitoramento da educação da Unesco, que tinha como como foco os impactos para educação na pandemia em países da América Latina e no Caribe demonstrou que mais da metade dos educadores ouvidos no Brasil, México e Colômbia diziam sentir necessidade de: "capacitação para ensinar alunos com necessidades especiais".

Desconstruindo o preconceito

Turma - Reprodução/Turma do Jiló - Reprodução/Turma do Jiló
"Turma do Jiló" luta pela inclusão de crianças com deficiência em escolas regulares
Imagem: Reprodução/Turma do Jiló

Para atacar a questão da formação de educadores comprometidos com a inclusão de pessoas com deficiência, vários empreendedores sociais realizam atividades de formação, capacitação e conscientização de educadores e da comunidade escolar sobre a necessidade de se criar uma educação empática e mais inclusiva.

Muitas vezes o empurrão inicial para a iniciativa vem de uma experiência pessoal. Carolina Videira, 42, era fisioterapeuta quando teve o seu primeiro filho, João, hoje com 13 anos, que foi diagnosticado com uma doença genética que acarreta na perda de tônus muscular, o que causa moleza e flacidez no corpo.

Em 2015, Carolina criou a Turma do Jiló, ONG que realiza formações para educadores e redes de educação para capacitar profissionais de educação na inclusão de pessoas com deficiência.

Ela explica que o preconceito ainda é muito marcante no início das formações "Não temos políticas públicas transversais que permitam que essas pessoas possam participar efetivamente da sociedade, criando mecanismos que permitam a sua autonomia. Esse cenário, infelizmente, não ajuda a desconstruir esse preconceito", lamenta.

Ela ressalta que a devolutiva dos educadores costuma ser bastante positiva: "é a melhor parte do nosso trabalho. Os professores acabam compreendendo que os alunos com deficiência não são inalcançáveis e as estratégias que eles aprendem acabam beneficiando todos os estudantes.", comemora. As atividades da organização já atenderam mais de 8.000 famílias.

Portas abertas para a inclusão

Um dos pontos fundamentais para garantir o acesso a uma educação inclusiva é a produção de materiais pedagógicos que levem em consideração acessibilidade, para que possam ser utilizados por pessoas com deficiência.

Esse é um dos focos do Instituto Rodrigo Mendes, criado em 1994. A instituição compartilha práticas pedagógicas inclusivas no Portal Diversa. Também oferece um curso online chamado "Portas Abertas Para a Inclusão 1, que é gratuito e já atingiu mais de 100 mil inscritos.

Para Luiza Correa, coordenadora de advocacy do Instituto Rodrigo Mendes, a inclusão de pessoas com deficiência em salas regulares beneficia todos os estudantes:

De acordo com nossa experiência, educadores que têm a oportunidade de ampliar seu repertório e repensar sua prática pedagógica apresentam profundas transformações quanto à qualidade do atendimento de estudantes com deficiência no sentido de viabilizar a participação desse público na sala de aula comum e, acima de tudo, a efetivação da aprendizagem. Luiza Correa

Governo federal

A partir de 2015, o governo federal passou a incentivar a educação de alunos com deficiência em classes regulares, prevendo que qualquer apoio educacional especializado, que fosse necessário fosse realizado no contraturno do estudante, mas em escolas regulares.

Com a nova diretriz, algumas instituições que antes ofereciam o serviço de educação especial, atendendo pessoas com deficiência de maneira segregada, modificaram seu público-alvo. Uma dessas foi o Instituto Jô Clemente, antiga APAE de São Paulo.

Atualmente a instituição baseia seu trabalho em pesquisas e entrevistas realizadas com pacientes e educadores. Para Roseli Olher, supervisora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) do Instituto Jô Clemente, "há um ganho tanto para o estudante com deficiência, quanto para a escola que atende pessoas com deficiência."