Aplicativo escaneia rótulos e ajuda a escolher alimentos saudáveis
Os empresários gaúchos Gustavo Haertel Grehs, 40, e Carolina Grehs, 36, não imaginavam que a ideia que tiveram juntos, um app chamado Desrotulando, poderia alcançar tantas pessoas. Com quase 2 milhões de downloads desde sua criação em 2016, a ferramenta traz informações esmiuçadas sobre o rótulo dos alimentos, além de fornecer uma avaliação qualitativa sobre os produtos, já reúne quase 2 milhões de downloads.
Quando começaram a atuar juntos na área da alimentação, há oito anos, o casal estava em busca de um negócio que pudesse unir as expertises de ambos - nutrição e computação.
"Primeiro, tentamos uma solução online para softwares voltados a nutricionistas. Depois, conversando com profissionais, vimos que não era por aí e que nós poderíamos trabalhar com um público mais amplo, os pacientes delas", relata Carolina, a nutricionista da startup.
No início, o foco era auxiliar, por meio de um blog, pessoas com dificuldades de manter a dieta. Mas, aos poucos, as pautas foram ficando mais abrangentes, começando a envolver a rotulagem de produtos. Um dia, chocada com uma propaganda de maionese, que comparava os ingredientes e calorias da marca com o azeite extravirgem, Carolina resolveu fazer um post sobre o que havia naquele rótulo e não era contado.
"Foi a postagem que tivemos mais comentários", observa ela, ao pontuar que esse foi o momento chave para que o projeto, chamado de Fechando o Zíper, se voltasse totalmente para a avaliação de rótulos. As notas variavam de A a F, de acordo com o nível de processamento do alimento. As avaliações usavam como referência classificações europeias e de países que se destacavam na área na América Latina, já que ainda não havia o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.
"Fomos amadurecendo a ideia. Percebemos que o site era muito limitado. Havia uma necessidade mobile, porque as pessoas tinham dificuldade em fazer consultas enquanto estavam no supermercado", assinala a nutricionista. Gustavo, bacharel em ciências da computação, passou então seis meses desenvolvendo a versão inicial do que viria a ser o Desrotulando.
Viralização
O casal, atualmente radicado no Canadá, ainda tocou o projeto como um trabalho paralelo por alguns anos, até que a ferramenta viralizou em 2019. Um vídeo gravado por um usuário e compartilhado em um grupo da família dele no WhatsApp foi um dos responsáveis pela busca repentina pelo aplicativo. Foram 60 mil downloads num dia. Até então, esse número correspondia a todos os downloads do aplicativo desde o lançamento.
Carolina analisa que, naquele momento, já havia uma discussão mais ampla sobre alimentação saudável e consumo consciente em terras brasileiras. O país também já contava com o Guia Alimentar, lançado em 2014, enquanto na Europa eram debatidas políticas econômicas para promover alimentação mais saudável. "Nosso nicho também começou a se expandir. Depois dessa viralização, ficamos em primeiro lugar na App Store [loja de aplicativos da Apple]", destaca.
Como funciona o app?
A base do Desrotulando conta hoje com 45 mil produtos cadastrados. As consultas podem ser feitas escaneando o código de barras de cada rótulo ou buscando por nome ou categoria. As informações dos rótulos são traduzidas por meio de algoritmos em uma nota de 0 a 100, auxiliando o consumidor a entender o que é saudável ou não. Os alimentos ultraprocessados recebem as menores notas. As avaliações seguem parâmetros do Guia Alimentar.
É possível verificar, por exemplo, a presença de fibras, sódio, gorduras trans, açúcar e aditivos. O detalhamento contém explicações conforme as recomendações para o setor, dentre elas, as feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da versão gratuita, disponível para iOS e Android, há a versão premium (R$ 9,90 por mês ou R$ 82,90 ao ano), que permite pesquisas avançadas, filtrando produtos de acordo com o perfil dos usuários, o que inclui restrições quanto a alergias e intolerâncias alimentares.
Segundo Carolina, a categoria mais buscada na base é a de pães e laticínios. Ela também observa que é comum que médios e pequenos fabricantes procurem a empresa para tirar dúvidas após terem notas negativas. "Alguns ainda entendem que produto ultraprocessado é só o de grandes indústrias, mas usam misturas prontas, vindas da indústria também", assinala.
No ano passado, o Desrotulando recebeu um aporte financeiro e dois outros sócios, Victor Knewitz e Gabriel Brigidi. O investimento permitiu que a equipe crescesse - agora são 11 pessoas atuando no negócio. Para os próximos meses, a ideia é melhorar o processo de cadastro de produtos e investir em um banco de dados voltado a tabelas nutricionais.
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