Homenageado por Richarlison, projeto financia pesquisas sobre covid

O jogador Richarlison entrou em campo na segunda-feira (5) pela seleção brasileira, na semifinal da Copa América, com uma chuteira escrita "@cienciausp", em referência à página do Instagram dedicada à divulgação científica da USP (Universidade de São Paulo).

Mais que divulgar a ciência, Richarlison é o embaixador do programa USP Vida, que existe desde abril de 2020. O projeto foi criado para receber doações, que são direcionadas para pesquisas na área de covid-19 e do novo coronavírus.

A ideia do programa é concentrar em um fundo único as doações de pessoas físicas e jurídicas que querem ajudar a financiar pesquisas desenvolvidas pela instituição.

Até agora, o programa já ajudou cerca de 40 projetos de pesquisa na área de vacinas e medicamentos, processos antivirais, projetos de itens de proteção facial e produção de respiradores artificiais.

Doações recebidas

Segundo o último balanço, até o final de junho, o programa havia recebido R$ 4,4 milhões em doações — a meta do projeto é alcançar R$ 5 milhões até o fim da pandemia.

O pró-reitor de Pesquisa da USP, Sylvio Canuto, explica a Ecoa que o valor se refere apenas a doações de pessoas físicas. "As doações de empresas vão para uma finalidade específica, como o projeto 'Respire', para construção de respirador; e projeto de vacinas — a USP tem sete projetos em desenvolvimento de vacinas brasileiras", explica.

Até agora, 3.609 pessoas físicas já doaram o programa. Já quanto a empresas não há um número exato de doadoras, mas as doações somaram até aqui R$ 14,8 milhões.

Canuto afirma que a exposição pública do programa por Richarlison — como a realizada ontem (5) — ajuda muito a alavancar o projeto e aumenta o número de doadores.

"O Richarlison começou a atuar conosco há cerca de oito meses. Primeiro, ele colocou no Instagram e depois falou na TV —o que deu uma visibilidade enorme. Ontem ele fez de novo essa ação, o que nos ajuda muito para que as pessoas tenham conhecimento da ação", diz.

Agilidade e interação

Ao contrário de agências de fomento, o USP Vida tem como uma das vantagens poder ser recebido de forma rápida e sem maiores burocracias.

"Eu digo que existem duas coisas importantes nesse programa. Primeiro é a sensibilidade ter atingido a sociedade: tivemos pessoas que fizeram doações modestas, temos relatos de pessoas que doaram salários. E a segunda coisa é que a gente consegue atuar de forma rápida. O projeto informa o que é necessário, nós avaliamos e fazemos a transferência de imediato. Essa agilidade é especialmente no período de covid", ressalta Canuto.

A análise de quem vai ser beneficiado pelo USP Vida é feita por um comitê gestor com cinco pessoas, que se reúne semanalmente para definir as pesquisas que irão receber recursos.

A gestão financeira dos recursos e divulgação da aplicação é de responsabilidade da FUSP (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo), parceira do programa.

Desde que iniciou em abril de 2020, diz Canuto, os recursos já foram destinados para cerca de 40 projetos. "Somos rápidos nessa liberação. Do valor doado já repassamos basicamente tudo", diz.

O resultado do projeto foi tão bom que ele já se tornou definitivo. "Ele vai ficar perene, só vamos mudar o foco: em vez de ser só a covid, vai passar a ser para apoiar projetos na área de saúde. Estamos na transição para essa área geral", conta.

Canuto acredita que a ideia deve ser replicada para dar mais condições de pessoas doarem a instituições de pesquisa.

"Uma das coisas positivas é que traz para a Universidade essa interação com a sociedade e cria essa cultura de doação, que já é muito comum nos países desenvolvidos. Foi nossa primeira ação na universidade, e agora estamos criando um fundo patrimonial para receber doações. O USP Vid' vai ser um braço desse fundo", finaliza.