Mãe e filha recolhem 6 mil garrafas de vidro para construir casa própria
A Casa de Sal surgiu da necessidade de residência própria e da consciência ambiental familiar da designer Maria Gabrielly Dantas e de sua mãe, Edna Dantas. Mãe e filha projetaram e construíram o primeiro imóvel com paredes feitas de garrafas de vidro de Pernambuco.
Os seis mil vasilhames usados no projeto foram recolhidos pelas duas na praia do Sossego, na Ilha de Itamaracá, litoral norte pernambucano, num trabalho chamado por elas de "regeneração de solo".
"Desde que chegamos a Itamaracá, há dois anos, nos deparamos com muito lixo nas ruas. Na praia do Sossego, a gente observou, junto com a necessidade da residência própria, a oportunidade de usar o lixo que é tratado como entulho e que não tem uma utilidade final", explicou Gabrielly a Ecoa.
Segundo a designer, sua mãe trabalhou muito tempo em cooperativa de reciclados e usou essa expertise na concepção da ideia.
"Minha mãe chegou para mim e disse: 'Vamos fazer nossa casa com garrafas de vidro. E nós duas que vamos construir'. A gente precisa ter uma inovação sustentável. Acreditar que não é porque aquilo foi descartado que não tem utilidade. Foi assim que nasceu a Casa de Sal", continuou Maria Gabrielly.
A Casa de Sal é um reinvindicação por moradia e ecologia popular. A gente tem um papel como agentes de transformação. Nós duas somos duas mulheres negras e periféricas e mostramos que é possível uma transformação social.
Maria Gabrielly Dantas, designer
Mãe e filha começaram a recolher a matéria-prima principal há mais de um ano em praias, mangues, lixões e terrenos abandonados. Onde havia descarte irregular, lá estava a dupla para recolher os vasilhames, que posteriormente eram higienizados e colocados em blocos.
"Teve uma moradora que tinha garrafas no terreno dela havia dez anos. Pegamos esses materiais e fizemos as paredes sozinhas. A ajuda veio para o fazer telhado. Conseguimos reunir amigos e erguemos esse teto. Mas o resto fomos nós mesmas", acrescentou Edna Dantas.
Edna e Gabrielly apontam que a Casa de Sal obedece um conceito ecológico, sustentável e regenerativo. Todas as garrafas foram recolhidas em um raio de 500 metros da casa. Outros materiais usados na construção também têm o cuidado com a reutilização de itens descartados. O projeto usa telhas feitas de tubos de creme dental, enquanto as divisórias internas foram criadas a partir de madeiras de paletes.
A casa possui quatro cômodos, distribuídos em 60 metros quadrados. O banheiro da moradia usa modelo ecológico, conhecido como banheiro seco, ou seja, não utiliza água, e os dejetos acabam virando compostagem para o quintal.
"E ainda usamos algumas coisas da natureza, como palhas de coqueiros, que a gente coloca em parte do telhado. É todo um conceito de ecodesign, arquitetura vernacular [que usa materiais e recursos do entorno da edificação] e princípios de bioconstrução. Com a construção da casa estamos regenerando o solo em volta do nosso terreno", ressaltou Gabrielly.
Para finalizar a casa, ainda falta parte do telhado e colocação do piso. Mãe e filha estão pedindo doações para comprar cimento, areia, brita e outros materiais para o acabamento da construção. Quem quiser contribuir, pode fazer um PIX para 81985186696. Selecionar como chave número de telefone.
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