Instituto ampara famílias e alfabetiza crianças da Cracolândia na pandemia
O Instituto Sonhe, que atende crianças, famílias e leva além de comida, esperança às pessoas que vivem na região da Cracolândia, em São Paulo, teve que fechar as portas com a chegada da pandemia de covid-19. Com isso, as crianças ficaram desassistidas sem as aulas de artes marciais, dança e de alfabetização que o grupo oferecia, além das refeições que serviam.
Os pais dessas crianças, que também recebem ajuda do instituto, pediram socorro. "Quando fechamos as portas, pais e crianças enviaram várias mensagens no nosso WhatsApp dizendo que estavam com fome e que não tinham nada para comer", lembra com pesar Joana Machado, 33, idealizadora do Instituto Sonhe.
O pedido de socorro foi atendido e o projeto abriu as portas novamente, de maneira adaptada e hoje atende às necessidades mais urgentes dessa população. "Abrimos depois de duas semanas, com a parceira da empresa Renata de Paula, passamos a entregar 1000 marmitas por dia durante uma semana. No final da semana já estávamos entregando cerca de 5.000. Um movimento de solidariedade e amor, pessoas de todos os lugares traziam marmitas para ajudar a população de rua e as famílias atendidas pelo instituto", lembra Joana.
Para poder reabrir as portas para as atividades também todo o espaço teve que ser adaptado. "Percebemos que além de não estarem estudando, muitas crianças eram analfabetas e precisavam de muito apoio. Mudamos toda estrutura de ensino e começamos a priorizar a alfabetização e o apoio escolar antes de todas as atividades esportivas", explica a idealizadora.
As salas administrativas do instituto ganharam uma nova função, e agora fazem o atendimento psicológico de crianças e familiares. "Durante a pandemia, nosso estacionamento foi transformado em um grande armazém de alimentos e cestas básicas. Nossa van que era usada para transporte de crianças virou uma 'coletadora' das mais diversas doações", explica Gabriel Prieto, 42 anos, empresário e vice-presidente do Sonhe.
Há cinco anos integrando o projeto e participando das ações, Prieto diz ter vivenciado momentos marcantes nos últimos meses. "Percebemos um aumento da violência doméstica e, por conta disso, nos mobilizamos e construímos duas casas na Favela do Moinho para duas famílias que estavam expostas a esse ambiente."
O empresário também encontrou nas ações a possibilidade de ver crianças escrevendo suas primeiras palavras e tendo a possibilidade de se alimentar. "Foram mais de 500 dias de trabalho ininterruptos. Cansei de ouvir das moradoras da ocupação embaixo do Viaduto Rudge que se não fossem as marmitas entregues diariamente teriam passado fome", conta.
"Uma história que me marcou foi ouvir de uma criança de 11 anos que no mês de junho ela conseguiu escrever suas primeiras palavras com as aulas ministradas em nosso Instituto. Não contive as lágrimas", completa Prieto.
Apesar das atividades do instituto que tem mais de 900 crianças cadastradas terem voltado e seguirem com o apoio de empresas e outras instituições, a principal barreira ainda é a financeira. "Nossa maior dificuldade é conseguir parceiros que ajudem financeiramente. Perdemos parceiros importantes, por isso temos tentado outras formas de levantar recursos, como por exemplo, a venda de bolos, camisetas e bazar", diz Joana.
Para ajudar o projeto com doações, nas ações, como mantenedor de professores ou para adquirir itens ou alimentos que serão revertidos para o bem-estar das famílias cadastradas, entre em contato pelo e-mail: contato@institutosonhe.org; pelo WhatsApp: 11 98816-4476; ou pela página oficial do Instituto no Instagram.
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