Topo

Biólogas cuidam de vulneráveis e do meio ambiente doando máscaras de tecido

Ao empregar o retalho de algodão, Danila e Rute desviam tecido que iria para o aterro sanitário - Divulgação
Ao empregar o retalho de algodão, Danila e Rute desviam tecido que iria para o aterro sanitário Imagem: Divulgação

Tainara Rebelo

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

26/07/2021 06h00

Criado pelas biólogas Danila Leone Torres, 36 anos, e Rute Mendes, de 35, no início da pandemia de covid-19, o projeto "Envolve" surgiu para doar máscaras de tecido para a população em situação de rua na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, e tinha a pretensão de ser algo temporário.

"A gente pensou que seriam dois ou três meses até a pandemia estar controlada. Mas o que aconteceu foi muito diferente disso", lembra Danila. Além da preocupação em ajudar a controlar a disseminação da doença, o coletivo também se preocupou com a preservação do meio ambiente uma vez que milhões de máscaras passariam a ser descartadas diariamente, por isso utiliza um material renovável, que é o algodão.

"Tivemos essa preocupação porque o tecido utilizado em grande parte das máscaras de uso único é o TNT (Tecido Não tecido), ou materiais sintéticos, que são prejudiciais ao meio ambiente. Ao empregar o tecido de algodão na máscara - tecido que já foi utilizado e vem pra gente como retalho - a gente desvia esse tecido que seria direcionado para o aterro sanitário", explicou.

Envolve - Divulgação - Divulgação
Junto com as máscaras seguem orientações de uso, higienização e descarte, segundo a OMS
Imagem: Divulgação

Para conseguir os produtos, Danila enviou mensagens para o celular de amigos e conhecidos, e conheceu a Rute. Juntas, elas contataram outras dez pessoas que sabiam costurar e fizeram o contato com algumas fábricas de tecido, de onde conseguiram os retalhos. Depois, receberam uma doação de elásticos de costura e deram início à produção.

Logo no primeiro mês já haviam sido produzidas mais de mil máscaras. Elas tiveram a ideia, então, de criar um formulário online para entrar em contato com outros coletivos que poderiam receber os itens como doação. A pergunta era simples: Você precisa de máscara? Clique aqui.

"Só que a ideia foi se disseminando pelas redes sociais e até recebemos um contato de refugiados que precisavam de máscaras em Roraima", contou a bióloga. Como a logística do projeto não previa essa abrangência toda, nasceu outra vertente do Envolve: a distribuição de tutoriais para costura de máscaras de tecido.

Danila se recorda que desde o inicio da pandemia, muitas informações diferentes foram divulgadas pelas autoridades de saúde. "A gente não sabia ao certo qual era o tipo de máscara mais adequado, onde as encontrava e como fazia para reutilizar".

As cartilhas do Envolve nasceram da necessidade de reunir as mais recentes recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e são atualizadas sempre que sai uma nova recomendação. Hoje trazem os moldes das costuras e orientações sobre como e por quanto tempo usar, como tirar e lavar. As informações estão em português, inglês e espanhol.

Mais que envolver, o Envolve é um ato de amor e 100% voluntário. Por isso, a ação não recebe dinheiro, apenas doações de material para que sejam confeccionadas as máscaras de tecido e que possam compor o kit de higiene. Além de doar máscaras, o Envolve atua em conjunto outros coletivos, o "Corona Amor", e o "Tive Fome". Juntos eles entregam ainda alimentos e roupas para essas pessoas em situação de rua. Até o momento, já foram mais de 5 mil máscaras entregues.

Para conhecer mais sobre a iniciativa do Envolve e seus parceiros, acesse o perfil do projeto no Instagram
Para solicitar máscaras, ser um voluntário e baixar os manuais acesse: https://linktr.ee/_envolve
Para entrar em contato ou fazer doações, envie uma mensagem para o e-mail: oi.envolve@gmail.com