Primeiro grupo de rap indígena do Brasil, Brô MC's canta sobre identidade
Enquanto a demarcação de terras indígenas é posta em xeque pelo atual governo ameaçando a sua existência no país, artistas de diversas etnias estão resgatando as tradições e reescrevendo a sua própria trajetória por meio da música e de outras linguagens artísticas. É o caso do Brô MC's, primeiro grupo de rap indígena do Brasil, que mistura português e guarani para falar não só da luta pela terra, mas também de identidade indígena e problemas como o consumo de drogas e álcool e os altos índices de suicídio nas aldeias.
"A inspiração para o trabalho vem da nossa própria comunidade", diz à coluna o músico Kelvin Mbaretê, que compõe o grupo ao lado de Bruno Veron, Clemersom Batista e Charlie Peixoto, jovens das etnias Kaiowá e Guarani, das aldeias Jaguapiru e Bororó, que ficam na cidade de Dourados, no oeste do Mato Grosso do Sul. Suas músicas poderão ser ouvidas ao vivo nesta quarta (28), dentro da programação da sexta edição do Mekukradjá, encontro de saberes entre culturas indígenas, no site do Itaú Cultural e pelo canal da instituição no YouTube.
O evento, que vai até sexta-feira (30) e será transmitido online, tem curadoria da antropóloga e documentarista Júnia Torres e do escritor e educador Daniel Munduruku e reúne 18 indígenas, entre lideranças, acadêmicos, cineastas, músicos, escritores, produtores musicais, estilistas, artistas visuais e de artes cênicas de comunidades do Acre, Alagoas, Bahia, Roraima, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.
A música é como uma flecha que você atira e entra na cabeça das pessoas. Muita gente que só conhece o indígena pelos livros entende as nossas causas por meio do som. A música tem o poder de levar a informação mais rápido para quem não conhece a realidade nas aldeias.
Kelvin Mbaretê, integrante do grupo de rap indígena Brô MC's
"É impressionante pensar que fizemos nossas músicas em Dourados e depois de um tempo os caras começaram a ouvir em São Paulo e em outros lugares longe daqui. Fico pensando em como a música começa a voar. É como o vento que pode chegar a qualquer lugar. Hoje em dia vejo vários artistas nacionais e internacionais que se sensibilizaram sobre a questão indígena. É uma causa importante que está chegando a mais gente."
Cinema indígena
Sempre com duas mesas de debate por dia, às 10h e às 16h, o evento exibe, ainda, "O verbo se fez carne" (2019), primeiro curta-metragem do diretor Ziel Karapotó, que será transmitido após a fala do cineasta. Vencedor de 20 prêmios no circuito de cinema nacional, o filme fala sobre as cicatrizes deixadas pela invasão dos europeus em Abya Yala, que, na língua do povo Kuna, significa terra madura, terra viva ou terra em florescimento e é sinônimo de América.
Mekukradjá - Circuito de Saberes: O futuro está na memória
28 a 30 de julho
www.itaucultural.org.br
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