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Projeto usa artes para cuidar da saúde mental de idosos durante a pandemia

Objetivo é criar situações de comunicação prazerosa para promover a interação e capacitação - Divulgação
Objetivo é criar situações de comunicação prazerosa para promover a interação e capacitação Imagem: Divulgação

Issac Toledo

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

14/09/2021 06h00

O isolamento imposto pela pandemia de covid-19 tem afetado principalmente a população de idosos e é crescente a preocupação de autoridades médicas com a saúde mental dessas pessoas. Foi pensando nisso que a professora do curso de fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lenisa Brandão, criou o projeto Brincar de Viver no início da pandemia.

O projeto tem como o objetivo promover a inclusão social e a promoção da comunicação e da saúde mental de pessoas com mais de 60 anos e de baixa renda, incluindo pessoas que têm alterações cognitivas devido à demência e ao acidente vascular cerebral (AVC) por meio das artes e de muita alegria.

No primeiro ciclo do Brincar de Viver foram integrados 24 idosos, a inclusão digital dos participantes foi possível graças a um financiamento do Atlantic Institute, entidade internacional voltada à promoção da equidade e inclusão social de populações vulneráveis, que garantiu internet e tablets aos participantes.

Os participantes foram divididos em quatro equipes com atividades em grupo de dança, palhaçaria, contação de histórias e culinária. Durante 3 meses, por meio da plataforma Zoom, as reuniões aconteceram uma vez por semana e duravam uma hora. Cada mês teve um tema principal: comunicação, memória e imaginação.

O objetivo das reuniões foi criar situações de comunicação significativa e prazerosa para promover a interação social e capacitação. "Os participantes encontraram formas de adaptar o mundo virtual para a realidade de cada um para encontrar significado em suas relações. Isso quebra paradigmas de que idosos com diversidade cognitiva não conseguem interagir no ambiente virtual", conta Lenisa.

Brincar de viver - Divulgação - Divulgação
Por meio de plataforma virtual, voluntários interagem com os idosos para fazerem palhaçadas e contar histórias
Imagem: Divulgação

Para ter diversidade, foi firmada parceria com o SUS de Porto Alegre para mapear e incluir idosos autodeclarados negros, pardos e indígenas. A prioridade de inclusão no projeto foi dada àqueles que têm um cuidador ou familiar capaz de fornecer suporte pessoal.

O projeto tem colaboradores das áreas da saúde e das artes da própria UFRGS, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e da Universidade Federal de Santa Catarina.

Para o segundo ciclo, o financiamento do Atlantic Institute está sendo renovado e a expectativa é ampliar a turma para 54 pessoas. Aliado a isso, Lenisa também obteve um financiamento de pesquisa da Alzheimer's Society para pesquisar os benefícios da palhaçaria na comunicação e na qualidade de vida dos idosos.

"Houve uma aceitação muito grande da prática da palhaçaria, mesmo virtualmente. Nesse ciclo, iremos focar o projeto nos efeitos terapêuticos da palhaçaria na comunicação e na qualidade de vida de pessoas que vivem com afasia devido ao AVC", ressalta Brandão.

Ela também destaca que esse estudo contará com diversos colaboradores, incluindo a participação da Universidade Federal de Pernambuco, e está animada com a diversidade e conhecimento que essa parceria agregará ao projeto.

"Estamos muito felizes em misturar os gaúchos e os pernambucanos nos nossos grupos virtuais, pois eles têm muito a ensinar sobre arte, alegria e a riqueza da cultura popular nordestina para nós", afirma.

Para saber mais detalhes e como colaborar com o projeto, envie um e-mail para lenisa.brandao@gbhi.org.