Topo

Projeto auxilia profissionais do sexo e indígenas na pandemia em Sergipe

Grupo doa cestas básicas e ajuda na venda do artesanato indígena em uma loja colaborativa - Arquivo pessoal
Grupo doa cestas básicas e ajuda na venda do artesanato indígena em uma loja colaborativa Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

30/09/2021 06h00

Após precisar fechar as portas por causa da pandemia da covid-19, a proprietária de um espaço que reunia vários estúdios terapêuticos resolveu ajudar pessoas em situação mais delicada do que a dela.

O Espaço Cura da Alma passou a interceder por profissionais do sexo e indígenas, em Sergipe. Com campanhas pelas redes sociais, a organização da iniciativa angaria alimentos e materiais de limpeza, que são doados a 135 mulheres cadastradas e aos moradores da aldeia Kariri-Xocó.

O trabalho para as profissionais do sexo é mensal e recolhe, em média, 50 cestas para as mulheres em maior vulnerabilidade. As mães são as preferenciais. O Espaço Cura também distribui preservativos para elas.

"O outro trabalho que é feito também desde o início da pandemia é com o cacique Paruanã, da aldeia Kariri-Xocó, em Porto Real do Colégio, divisa de Sergipe com Alagoas. Esse envolve arrecadação e doação de cestas básicas, vestimentas e venda do artesanato em loja colaborativa, tendo em vista que todo o rendimento se dá por meio dessas vendas e apresentações. Por causa da pandemia, eles não puderam viajar para oferecer seus produtos", explica a criadora do Espaço Cura da Alma, Rose Fonseca.

Espaço cura - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rose Fonceca (no centro) utiliza seu espaço terapêutico para ajudar os mais vulneráveis
Imagem: Arquivo pessoal

Rose conta que também está elaborando uma rifa para construir o barracão da anciã Dé, detentora dos saber de moldar cerâmica e transformar em vasos e panelas.

"Essa arte corre o risco de se perder. O barracão visa ser um espaço para criar entre mulheres uma forma de subsistência na comunidade, além da perpetuação do saber. A campanha começou com vários outros grupos tendo como sede o Espaço Cura da Alma para receber as doações", disse.

A voluntária explicou que a motivação para ajudar pessoas na pandemia veio após um período de depressão. Ela chegou a fechar o negócio por um ano e ficou isolada com uma espécie de fobia social.

Ao se reerguer, resolveu abrir um espaço terapêutico. O aluguel das salas pagava as contas e mantinha uma ação social que distribuía sopa no Ceasa de Aracaju. Com a quarentena, ela percebeu que havia algo mais a fazer pelas populações vulneráveis.

"As coisas paradas. O espaço sem aluguel. Pensei: é hora de ajudar mais essas pessoas. Ajudar quem estava numa situação pior do que a minha. E foi assim que passei a interceder mais por eles", ressaltou.

O Espaço Cura da Alma, acrescenta Rose, tem um comprometimento em ser ponto para receber tanto donativos quanto roupa e lençóis para distribuição.

Paruanã, da aldeia Kariri-Xocó, diz que o trabalho do espaço é uma ajuda valiosa. A aldeia tem quatro mil indígenas, que estão sempre precisando de doações. "Ela usa os contatos e o conhecimento que ela tem para arrecadar alimentos para nossa aldeia. Somos todos agradecidos pelo trabalho dela", destacou.

Paruanã acrescentou que a arte da aldeia também é beneficiada com as campanhas do Espaço Cura da Alma. "Na pandemia, Rose leva nossos artesanatos para vender. Agora, ela está no ajudando a conseguir montar um barracão para que o artesanato continue passando de geração para geração", disse.


Para saber mais sobre o trabalho e contribuir com as campanhas solidárias acesse o perfil no Instagram.
Para ajudar a tribo Kariri-Xocó é possível fazer doação em dinheiro por meio do PIX (chave - cpf) 015.470.655-83 (Pacival da Silva).