Cachorro caramelo resgatado dá origem a projeto que beneficia 400 pessoas

Foi embaixo de um viaduto no centro de São Paulo, em meados de 2020, que a veterinária Vitória Mesquita, de 24 anos, encontrou um cachorro de cor caramelo, idoso, com anemia severa, cambaleante e quase sem esperanças de continuar vivendo.

"Ele estava muito debilitado, era um cachorro à beira da morte, mas acreditei que iria melhorar e resolvi tentar, mesmo que fosse em vão. Levei ele a um hospital veterinário e indicaram eutanásia, pois estava em uma situação crítica", conta ela.

Ainda assim, a jovem levou o animal para sua casa. "Fiz uma 'internação intensiva' dele no meu quarto. A cada três horas alimentava e dava remédio. Foi um tratamento intensivo com muito amor, cuidado e principalmente muita esperança", conta Vitória para Ecoa.

Cerca de 20 dias depois, o cachorro apresentou melhora no quadro e o sentimento que faltava a ele no primeiro encontro com a veterinária acabou se tornando o seu nome: "Devido a toda a situação, coloquei o nome dele de Esperança", conta.

Germinando a esperança

Ao ver o animal com a saúde perfeita novamente, foi a vez do sentimento de esperança ganhar forças em Vitória, que passou a organizar com mais comprometimento pequenas ações que já havia iniciado durante a pandemia de covid-19, no condomínio em que mora em Santo André (Região Metropolitana de São Paulo).

"No começo da pandemia, em 2020, colocava caixas na entrada do prédio em que moro para arrecadar produtos de higiene e alimentos não perecíveis. Depois, entregava junto com meus pais pelas ruas do bairro e embaixo de pontes e viadutos, onde estivessem pessoas precisando", conta.

"Após o resgate do cãozinho, tive mais fé e coragem para realizar a ação e formalizei o que já estava fazendo. Criei um projeto em homenagem ao cachorro para espalhar a esperança a todos os lugares que precisem. Em pouco tempo, consegui voluntários, que vão para as ruas ajudar desde o começo e atendemos muitas pessoas que dependem apenas da sorte", completa.

Assim nasceu o Projeto Esperança, que atende atualmente até 400 pessoas por mês. As ações assistem pessoas em situação de rua e seus animais e leva alimentos e itens de higiene para moradores de diferentes comunidades de São Paulo.

"Quinzenalmente, e sempre às segundas-feiras à noite, levamos para pessoas em situação de rua lanches, cobertores. Oferecemos ração e atendimento veterinário gratuito para os animais, além de kits de higiene, absorventes e camisinhas para seus donos. Não temos pontos fixos, mas já atendemos nos bairros de Santo Amaro, Luz e outras regiões do centro de São Paulo", esclarece Vitória.

Atendimento para pessoas e animais

Emergencialmente, a ação também vai às ruas em dias que as temperaturas dos termômetros despencam. "Nos dias de muito frio fazemos ações emergências e vamos às ruas para entregar cobertores, lanches e chocolate quente", conta a idealizadora.

O grupo, que atualmente reúne 200 voluntários, limita a participação direta de até 35 pessoas nas saídas às ruas para manter o distanciamento social entre os membros e os atendidos.

Em campo, animais abandonados também recebem atenção veterinária e passam por sessões de fotos, que são divulgadas nas redes sociais do projeto a fim de encontrar adotantes para gatinhos e cachorrinhos.

Os bichinhos ganham, geralmente, banho de petshop com direito a roupinhas e lacinhos para ajudar na conquista de um novo lar. Nas datas comemorativas, como Natal e Páscoa, os voluntários criam ações especiais para crianças nos atendimentos e distribuem chocolates e brinquedos.

Entre outras localidades e bairros atendidos pela ação estão: Comunidade Vila Dos Heróis (Brasilândia/Zona norte) e arredores da Freguesia do Ó.

Sobre o Esperança, o cão que deu origem a toda essa onda do bem, após ter recebido alta veterinária, ele passa bem, está saudável, foi adotado por uma família conhecida da idealizadora do projeto e está 'mais caramelo do que nunca'.

Para ajudar com quantias em dinheiro, adotar animais, fazer parte do grupo de voluntários ou doar itens, basta entrar em contato via mensagem privada com a página do Projeto Esperança no Instagram.