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Torcedores se unem para ajudar moradores de rua na pandemia no Rio

No início grupo só tinha flamenguistas, hoje o Rolê Solidário tem voluntários de todos os times - Arquivo pessoal
No início grupo só tinha flamenguistas, hoje o Rolê Solidário tem voluntários de todos os times Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

13/10/2021 06h00

O fim de semana chega e traz junto a tradição de encontrar os amigos no estádio para ver o time do coração jogar. Com a chegada da pandemia da covid-19 e a suspensão de várias atividades, entre elas o futebol, torcedores do Flamengo resolveram transformar a saudade das arquibancadas em solidariedade.

No Rio de Janeiro, um grupo de flamenguistas criou o projeto Rolé Solidário, que distribui cerca de mil refeições a moradores de rua todas as semanas, além de kits de higiene pessoal e roupas.

Os amigos se reuniam para assistir jogos e também realizavam peladas beneficentes para angariar brinquedos e alimentos antes da pandemia. No entanto, perceberam que a necessidade dos moradores de rua aumentou durante a crise sanitária.

"Muitos grupos cessaram suas atividades, sentimos a necessidade de levar refeições às ruas e amenizar a fome dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social. No começo, éramos só flamenguistas, mas outros amigos foram se chegando e ampliando essa rede solidária. Hoje tem gente de todos os times", explicou o administrador e idealizador do projeto, Maiko Pedroso.

O bate-bola solidário dos amigos vai às ruas todas as segundas, terças e quartas. O grupo ainda pretende ampliar a oferta e sair também às quintas-feiras. Por semana, além das refeições, o Rolé Solidário distribui 300 kits de higiene pessoal, 400 garrafas d'água, bananas, maçãs, sanduíches, doces, brigadeiros, pães, esfirras etc. O projeto também oferece roupas, cobertores e até itens da higiene feminina, como absorventes.

Rolê solidário - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Amigos distribuem todas as semanas comida, frutas e itens de higiene pessoal, como absorventes
Imagem: Arquivo pessoal

"Começamos com cerca de 20 amigos, agora somos cerca de 70. Há equipes de feitura e equipes de distribuição. As refeições são feitas no dia na casa de vários voluntários e depois nos encontramos na rua. Captamos recursos de amigos e doadores mensais", conta Pedroso.

Ele não gosta de falar que realiza um trabalho de caridade. Para ele e os amigos, o Rolé Solidário exercita o respeito e a cidadania.

"É um momento de troca de experiências, emoções e aprendizado. Eu me sinto muito feliz de ter a oportunidade de servir. Começamos como Nação Solidária, devido à referência ao Flamengo, mas com a entrada de voluntários de outras bandeiras, mudamos para Rolé Solidário", diz ele.

Segundo ele, o grupo pretende continuar os trabalhos mesmo após à pandemia. "Muitos se reinventaram e sentiram a emoção, força e importância do voluntariado na sociedade e no indivíduo. Perceberam que a mudança de uma sociedade e do mundo começa em nós", destacou.

A dentista Márcia Barbosa também faz coro nessa torcida pela solidariedade. Ela diz que sempre gostou de fazer trabalhos voluntários. "Cresci com o exemplo solidário em casa. Minha mãe sempre nos incentivou a doar roupas e brinquedos que não usávamos mais. Íamos com ela entregar para as crianças nas ruas e orfanatos", diz.

Quando começou a pandemia, Márcia ficou sem atender no consultório e um dia, passando por um morador de rua que já conhecia, ele lhe perguntou o que estava acontecendo porque não via mais ninguém nas ruas e algumas pessoas estavam de máscaras. "Nesse momento eu vi a gravidade da situação dessa galera de rua", conta.

"Quando achei o grupo, entrei de cabeça. Comecei cozinhando e chamei muitos amigos para participar. Também sou responsável pela captação e organização dos recursos. Eu me sinto extremamente feliz. Não pretendo nunca mais deixar de fazer esse trabalho. Ajudar as pessoas a se alimentarem pode parecer pouco diante do problema gigante de insegurança alimentar que vivemos e que precisa de ação do poder público."

Para ter mais informações sobre o Rolé Solidário, basta acessar o perfil do projeto no Instagram. Doações em dinheiro podem ser feitas por meio do PIX (chave-e-mail): maikocastro1@gmail.com (Maiko Pedroso) ou (chave-CPF) - 069916407-94 (Márcia Barbosa).