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Família organiza jantares coletivos para moradores de rua em Anápolis-GO

No momento das refeições, voluntários ouvem as demandas da população de rua - Arquivo pessoal
No momento das refeições, voluntários ouvem as demandas da população de rua Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

20/10/2021 06h00

Um momento fraterno para levar amor e aquecer os corações de pessoas em situação de rua. É com esse ideal que uma família organiza jantares coletivos duas vezes por semana, na cidade de Anápolis, em Goiás.

O projeto Irmãos Invisíveis monta mesas embaixo de um viaduto e, nelas, moradores de rua participam de refeições coletivas. Nas ocasiões, eles contam suas lutas diárias aos voluntários, que passam a buscar formas de amenizar a vida difícil dessas pessoas.

"A ideia é fazer com que eles se sintam em um ambiente familiar. Eles mesmos falam que nós somos a família deles. No momento das refeições, geralmente é a hora em que nos sentamos com eles para conversar e ouvir suas demandas", explicou o biomédico Daniel de Oliveira.

Segundo o idealizador do projeto, a iniciativa procura servir comidas que os deixem bem alimentados. Lasanhas, macarronadas e até churrasco. A intenção é oferecer uma refeição que fuja da tradicional sopa ou caldo que geralmente recebem.

Daniel contou que teve a ideia de realizar os encontros semanais após ter tido um contato eventual com os moradores de rua, quando ofereceu marmitas que sobraram de uma festa.

Irmãos invisíveis - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ação oferece outros serviços, que vão de banhos até corte de cabelos e tratamento com podólogo
Imagem: Arquivo pessoal

"Um dia levei refeição para eles porque havia feito um evento e sobrou. Neste dia, fiquei muito impactado com o que vi. Pessoas famintas comendo como se fosse a última refeição da vida deles. Fiquei espantado com aquilo e decidi a partir deste dia, levar refeições semanalmente para eles", disse.

Junto com a esposa, a também biomédica Janaína de Oliveira, ele amadureceu o desejo de montar uma estrutura para atender a população vulnerável e viu que a pandemia do novo coronavírus potencializou os problemas dos moradores de rua. Foi aí que o projeto Irmãos Invisíveis saiu do papel.

A iniciativa atende cerca de 40 pessoas por noite. A equipe de voluntários vai às ruas todas as quartas e sextas-feiras. Além dos jantares coletivos, os Irmãos Invisíveis oferecem vários outros serviços, que vão de banhos até corte de cabelos, tratamento com podólogo e escolha de roupas e acessórios.

Na última sexta-feira de cada mês, uma celebração com bolo e doces comemora os aniversários do mês. "Quando a pandemia começou, usei a situação para acelerar nossos projetos. Os banheiros solidários estavam entre eles. Criamos vaquinha e fui atrás de patrocinadores para que pudesse acontecer", continuou Daniel.

A família tenta ajudar as pessoas para além do assistencialismo. Quem tem algum tipo de dependência química é encaminhado a casas de desintoxicação, basta ter vontade de se tratar. Já aqueles que não estão nas ruas devido ao vício, o projeto tenta ajudar a conseguir emprego.

Para Janaina, participar desse acolhimento é uma "experiência fantástica". Ela avalia que cuidar de pessoas "invisíveis" é algo sobrenatural. "Algo que Deus confiou a nós fazermos. Cuidamos de pessoas que têm sonhos, dificuldades, desejos e muitas frustrações. Pessoas como nós que, muitas vezes, só querem ser felizes", ressaltou

"Nosso desejo é expandir o projeto. Aumentar os dias de atendimento e nosso sonho é levar para mais cidades. Toda cidade, grande ou pequena, tem pessoas invisíveis. Nossa missão é cuidar, amar e respeitar", concluiu a biomédica.

Para manter o projeto, a família conta com doações e convoca mais pessoas a colaborarem com as ações solidárias de alguma maneira.

Para contribuir com o projeto, basta entrar em contato com os Irmãos Invisíveis pelo perfil no Instagram

Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX (chave-celular): 62992289599