Estudante cria apostilas para ajudar colegas sem acesso à internet no Ceará
A evasão escolar no Brasil é um fenômeno que preocupa educadores e que tomou maior proporção durante a pandemia da covid-19. São vários os aspectos que ocasionam o problema, mas, nesse momento de ensino híbrido (com parte das aulas em formato online), a falta de acesso à internet tem impacto determinante.
No Ceará, uma alternativa para minimizar o problema partiu de um estudante do ensino público estadual. O garoto resolveu criar apostilas impressas para serem entregues nas residências dos alunos e incentivá-los a não desistirem dos estudos.
A medida, aparentemente simples, teve êxito e ganhou o apoio da direção da Escola Maria Dolores Petrola, localizada em Arneiroz, cidade a 204 km de Fortaleza.
A proposta de Mateus Feitosa, de 17 anos, que cursa o 3º ano do ensino médio, já apresenta resultados. "Depois dessa iniciativa, percebemos que muitos alunos voltaram a interagir com a escola, o que mostra que foi um sucesso. Para a entrega das atividades, contamos com o apoio dos agentes de saúde, conselho tutelar e os próprios alunos", explicou o jovem a Ecoa.
O estudante contou que, com as aulas online, percebeu que boa parte de sua turma passou a enfrentar muitas dificuldades para realizar as atividades de forma remota. O principal obstáculo, destaca ele, foi a falta de acesso à internet, sobretudo para os alunos que moram na zona rural. A partir dessa observação, o adolescente buscou a direção da unidade de ensino e foi auxiliado por professores e outros alunos.
"Pensamos em uma forma de ajudar esses alunos sem acesso às aulas. Foi então que surgiu a ideia de preparar um material impresso para ser entregue a eles em suas residências, obedecendo as medidas sanitárias. Consiste em um bloco de atividades mensais para realizarem em casa, com o apoio dos livros didáticos. Eles devolvem as atividades à escola no término de cada mês", detalhou o estudante.
A chegada do material impresso, segundo Mateus, resgatou nos alunos a esperança de continuar estudando, apesar de todas as dificuldades impostas pelo momento da pandemia. "Eles acolheram bem a ideia desse esquema alternativo, já que foi a melhor opção para esse momento difícil", disse.
Joviana Gomes, de 18 anos, cursa o 3º ano e foi uma das beneficiadas com a iniciativa. "Quando eu recebi o material foi uma coisa muito satisfatória. Porque eu já sou mãe e trabalho. Como moro no interior, o acesso à internet é muito difícil. O material me possibilitou continuar os estudos e não pensar em parar", explicou.
Maria Leoneide, diretora da Escola Maria Dolores Petrola, revelou que Mateus Feitosa é um aluno muito proativo. Ela contou que, como participante do grêmio estudantil e líder de turma, o jovem participa das reuniões com professores e gestão, encontro onde surgiu a ideia. "Isso mostra a excelência do protagonismo estudantil, o zelo, cuidado e a empatia com a vida escolar de seus colegas, que nesse período enfrentam muitas dificuldades de acesso à escola", disse a gestora.
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